Crise hídrica e energética já afeta crescimento do PIB e freia consumo e empresas do setor
Empresas do setor já amargam resultados piores do que no início do ano
A crise hídrica e energética provocada por fatores climáticos já prejudica o crescimento da economia brasileira. Os dados das contas nacionais no segundo trimestre, divulgados nesta quarta-feira (1º) pelo IBGE, mostram que o impacto na inflação contribuiu para travar o consumo das famílias e que empresas do setor já amargam resultados piores do que no início do ano.
Em relação ao impacto sobre a agropecuária, o IBGE afirma que ele deve aparecer de forma mais evidente ao longo do ano, mas que o crescimento do setor poderia ter sido maior em relação ao ano passado caso não houvesse problemas climáticos afetando a lavoura.
"Na comparação interanual, [a agropecuária] está crescendo. Se não fossem os efeitos climáticos, poderia crescer mais. Já temos esse efeito sim", afirma a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. "Os problemas climáticos vão afetar a agropecuária neste ano."
O PIB do Brasil encolheu 0,1% no segundo trimestre em relação ao primeiro. A agropecuária recuou 2,8%, e o setor de eletricidade, gás, água e esgoto registrou queda de 0,9%.
Em relação ao mesmo período de 2020, a economia avançou 12,4% (devido à base fraca de comparação). O agro cresceu 1,3%. O setor de eletricidade e água, 6,7%.
O consumo das famílias ficou estagnado em relação ao trimestre anterior e cresceu 10,8% sobre o mesmo período de 2020, auge da crise atual, abaixo da média do PIB.
"Com a inflação aumentando, você diminui o poder de compra da população. Alimentos e bebidas já vêm desde o ano passado", afirma Palis.
"A inflação está aumentando no mundo todo. A gente adicionalmente aqui no Brasil está tendo esse problema da crise hídrica. Tudo isso influencia no consumo das famílias para não ter voltado ao nível pré-pandemia."
Ela destaca que o principal fator para o resultado ruim da agropecuária nas duas comparações é a queda na safra de café (-21% sobre 2020), por questões sazonais, a questão da bianualidade do produto, mas houve também queda importe do algodão (-17%) e do milho (-11%).