Banco do Brasil anuncia permanência na Febraban após atrito
BB disse que a decisão de permanecer na entidade que representa os maiores bancos do país foi tomada após "negociações respeitosas" entre os membros
Após atritos que envolveram a publicação de uma carta em defesa da democracia, o Banco do Brasil anunciou, nesta sexta-feira (3), que não tem a intenção de se desassociar da Febraban (Federação Brasileira da Bancos).
Na noite desta quinta-feira (2), a Febraban havia emitido nota para reafirmar o apoio ao manifesto "A Praça é dos Três Poderes", que defendia a harmonia institucional no país. A instituição, no entanto, disse que respeita a opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que foram contra o manifesto e ameaçaram abandonar a federação.
Em comunicado, o Banco do Brasil disse que a decisão de permanecer na entidade que representa os maiores bancos do país foi tomada após "negociações respeitosas" entre os membros.
"Chegamos a um entendimento que é fruto de discussões respeitosas entre as partes e que não inibe a livre expressão de qualquer membro da Federação. O comunicado da Febraban, por um lado, reafirmou sua convicção pelo conteúdo pacífico e equilibrado do manifesto e, por outro, acena ao BB e à Caixa quando registra a desvinculação do movimento liderado pela Fiesp, contribuindo para a solução do impasse", disse o presidente do BB, Fausto Ribeiro.
No documento, o banco ressalta que o episódio poderá contribuir para reforçar os mecanismos internos da federação para favorecer o diálogo e reforçar "o papel da Febraban como importante agente de desenvolvimento do país".
A carta, elaborada nas últimas semanas, reunia assinaturas de mais de 200 entidades e tinha previsão para ser publicada até a última terça-feira (31). A coordenação da coleta de adesões e divulgação estava a cargo da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), mas o presidente da entidade, Paulo Skaf, adiou a sua publicação.
O manifesto desagradou ao governo, que via no texto críticas à gestão de Jair Bolsonaro (sem partido) -que vem aumentando os ataques à democracia e, em especial, ao STF (Supremo Tribunal Federal).
A decisão de Skaf é atribuída por empresários a um gesto dele a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados. Ele estaria em débito com o parlamentar, que acatou pleitos do setor na reforma do Imposto de Renda.
O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, tentou deter a adesão institucional do setor bancário ao texto. Fausto Ribeiro, presidente do Banco do Brasil -e que faz parte do conselho diretor da Febraban, assim como Guimarães-, apoiou a posição da Caixa, elevando a pressão dentro da entidade, até que a divergência se tornou pública no sábado (28).
Desde então a divulgação do manifesto passou a ser uma incógnita. Em nota oficial divulgada nesta segunda-feira (30), a Fiesp afirmou ter adiado a publicação do texto para dar mais tempo para entidades aderirem ao texto.
Apesar da pressão contrária dos bancos públicos e do adiamento da divulgação oficial, a Febraban, em nota, reiterou o apoio ao documento "cuja única finalidade é defender a harmonia do ambiente institucional no país".
"A Febraban considera que o conteúdo do manifesto, aprovado por sua governança própria, foi amplamente divulgado pela mídia do país, cumprindo sua finalidade. A federação manifesta respeito pela opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto", afirmou.