Em evento da direita, Bolsonaro defende participação de policiais em atos de 7 de Setembro
Declaração foi feita durante a conferência conservadora dos Estados Unidos, CPAC
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu neste sábado (4) a participação de policiais militares nas manifestações de 7 de Setembro.
"Se falarmos 'não sou policial militar, não tenho nada a ver com isso', aguarde que sua hora vai chegar", disse o presidente, durante a edição brasileira da conferência conservadora dos Estados Unidos, CPAC.
A frase diz respeito à pressão que governos estaduais têm feito contra a participação de PMs.
Estados monitoram possíveis atos de indisciplina de policiais. Promotores e até um juiz militar se movimentaram nas últimas semanas para coibir a participação de policiais militares nos atos bolsonaristas de 7 de Setembro.
As ações judiciais ocorrem em São Paulo, no Distrito Federal, em Pernambuco, no Ceará, no Pará, em Mato Grosso e em Santa Catarina e utilizam instrumentos jurídicos variados de monitoramento, fiscalização e controle das forças policiais dos estados.
Elas variam da instauração da chamada notícia de fato, que pede apuração da participação de PMs em atos antidemocráticos, caso do Ministério Público de Santa Catarina, até uma orientação emitida pelo próprio juiz militar de Mato Grosso, que alerta o comandante-geral da PM para "consequências graves e imediatas" nos casos de "quebras de hierarquia e comportamento subversivo".
Em intervalos do discurso do presidente neste sábado, seus apoiadores gritavam "eu autorizo" e "nossa bandeira jamais será vermelha". O encontro, que se encerra neste sábado, é organizado pelo filho do presidente, Eduardo Bolsonaro.
A maioria dos participantes estava sem máscara. Segundo a organização do evento, mais de mil pessoas estavam inscritas.
O chefe do Executivo foi ao evento assim que chegou na capital de uma viagem a Recife. Estava acompanhado dos ministros João Roma (Cidadania), Gilson Machado (Turismo), Tarcísio Freitas (Infraestrutura), e do secretário da Pesca, Jorge Seif.
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro repetiu em Caruaru (PE) ameaças golpistas, falou numa "ruptura que nem eu nem o povo deseja" e defendeu que ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) sejam "enquadrados" pela população.
Mais uma vez sem citar nomes, mencionando apenas "um ou dois" ministros, os ataques foram direcionados a Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, esse último também presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
"O STF não pode ser diferente do Poder Executivo ou Legislativo. Se lá tem alguém que ousa continuar agindo fora das quatro linhas da Constituição, aquele Poder tem que chamar aquela pessoa e enquadrá-la, e lembrar-lhe que ele fez um juramento de cumprir a Constituição. Se assim não ocorrer, qualquer um dos três Poderes... A tendência é acontecer uma ruptura", afirmou em discurso após motociata por cidades do agreste pernambucano.
"Ruptura essa que eu não quero nem desejo. Tenho certeza, nem o povo brasileiro assim o quer. Mas a responsabilidade cabe a cada poder. Apelo a esse Poder, que reveja a ação dessa pessoa que está prejudicando o destino do Brasil", discursou diante de centenas de apoiadores.
Bolsonaro se prepara para participar de protestos de raiz golpista e de pautas autoritárias em seu favor que estão marcados para o feriado de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e na avenida Paulista, em São Paulo. Bolsonaro promete comparecer e discursar nos dois atos.