TERRORISMO

Começa em Paris julgamento de acusados de ataques terroristas de 2015

Atentados deixaram 130 mortos e mais de 400 feridos

Advogado de defesa fala com a imprensa - Alain Jocard/AFP

Catorze réus começam a ser julgados, nesta quarta-feira (8), no tribunal de Paris, na Ile de la Cite, pelos ataques terroristas de 2015, que causaram a morte de 130 pessoas e deixaram mais de 400 feridas. Julgamentos devem durar até 25 de maio de 2022.

As audiências contarão com quase 1.800 testemunhas civis, mais de 300 advogados e centenas de jornalistas. O início do julgamento levou hoje à porta do Palácio de Justiça, na capital francesa, um grande dispositivo de segurança que chamou a atenção de turistas e parisienses.

"Sabíamos que começava hoje o processo porque vimos nas notícias. Estamos em visita a Paris e viemos ver o aparato à volta deste julgamento. Os atentados foram um momento muito assustador. E depois aconteceram os ataques em Bruxelas e tudo estava ligado", afirmou Chris, da Bélgica, que passa uma semana de férias com a família em Paris. 

Como a família belga, dezenas de pessoas reuniram-se hoje na praça em frente ao Palácio de Justiça de Paris, para ver o aparato montado no início do maior julgamento de todos os tempos na história francesa. 

A segurança no histórico edifício, que inclui a Saint-Chapelle, uma das maiores atrações da capital, foi reforçada com dezenas de veículos da polícia e ruas fechadas, mas a entrada no tribunal era feita de forma ordeira. 
 

Sylvia fazia o seu passeio matinal de bicicleta quando se deparou com a rua fechada. Instalado no coração de Paris, o Palácio de Justiça localiza-se num ponto nevrálgico da cidade, junto à Catedral de Notre-Dame, ligando a margem direita à margem esquerda do Sena.

"É algo muito presente na nossa vida, especialmente porque já aconteceram tantos outros ataques depois desse, que é algo com que convivemos todos os dias. E, infelizmente, não acho que tenha chegado ao fim", lamentou Sylvia.

A advogada, que deixou os tribunais para se dedicar à academia, considera que este processo "faz sentido", assim como a infraestrutura criada para o julgamento, que vai durar até maio.

"Sou advogada, portanto é claro que acho que este julgamento faz sentido. As autoridades deram uma dimensão enorme a este julgamento e eventualmente isso dá peso e relevância a tudo que se passou", afirmou.

"Não sei se há justiça, já que as pessoas morreram e não têm a sua vida de volta. O que é a justiça nesse caso? Foi tudo tão traumático. A única solução é prisão perpétua para quem fez isso", declarou Charlotte, que passava no local a caminho do trabalho.

Esta é uma das opções para Salah Abdeslam, o único terrorista que participou ativamente do atentado e sobreviveu, e que vai estar presente na sala de audiência durante todo o julgamento. Ao seu lado mais 13 condenados, havendo ainda seis pessoas que serão julgadas apesar de serem parte incerta.

Os primeiros dias da audiência vão servir para enumerar as vítimas, perto de 1.800. Os primeiros testemunhos vão ser ouvidos a partir de dia 13 de setembro e as vítimas começam a ser ouvidas no dia 28. Durante cinco semanas, as pessoas atingidas diretamente pelos atentados vão contar o terror vivido no Stade de France, no Bataclan e nos cafés do 11º bairro.