Bolsonaro terá que escolher desmoralização ou impeachment, avalia Kassab
O PSD vai criar uma comissão de acompanhamento do impeachment do presidente
Para Gilberto Kassab, presidente do PSD, Jair Bolsonaro construiu uma armadilha para si próprio com o discurso golpista que proferiu na avenida Paulista para seus apoiadores nesta terça-feira (7).
Ao dizer que não cumprirá mais determinações do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, o presidente restringiu seu futuro político a duas alternativas, avalia Kassab: o impeachment ou a desmoralização.
"Se cumprir o que assumiu em público, de não respeitar as instituições, vai consolidar as condições para o impeachment. Se não avançar nos seus compromissos, ficará desmoralizado. É uma sinuca de bico, na qual ele se colocou", afirma o ex-prefeito de São Paulo.
"Se partir para o rompimento com as instituições, cria o ambiente para o impeachment. Se não avançar, foi um blefe e fica a desmoralização dele. Criou uma armadilha para ele mesmo", resume o ex-ministro.
O PSD vai criar uma comissão de acompanhamento do impeachment do presidente. A comissão terá como objetivo analisar continuamente os pronunciamentos e a conduta de Bolsonaro, com o objetivo de definir qual postura o PSD deverá tomar diante deles, que pode ser, ao fim, o apoio oficial ao pedido de impeachment do presidente.
Ela será composta, a princípio, pelo senador Nelsinho Trad, líder do PSD no Senado, Antonio Brito, líder do partido na Câmara, e Kassab.
Diante da elevação da temperatura, o dirigente partidário tem abandonado o discurso que vinha reiterando de que o instrumento do impeachment não pode ser banalizado no Brasil.
"Temos avaliações de alguns importantes juristas apontando que apenas as falas, as manifestações, seriam razões suficientes para justificar o processo. Vamos acompanhar a conduta do governo para determinar, ou não, a defesa e o apoio a um eventual processo de impeachment do presidente da República", completa Kassab.