Campanha

Setembro Dourado: Campanha alerta para diagnóstico do câncer infanto-juvenil

Durante a pandemia de Covid-19 houve redução de 29% no diagnóstico precoce do câncer infantil

Campanha alerta para diagnóstico do câncer infanto-juvenil - Foto: Matheus Kayque / GAC-PE

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), por ano, no Brasil, cerca de 12 mil crianças e adolescentes são diagnosticados com algum tipo de câncer. E é para chamar a atenção dos pais e responsáveis desse público que a campanha Setembro Dourado é impulsionado no país. Em Pernambuco, o  Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer de Pernambuco (GAC-PE), realiza neste mês ações de sensibilização e conscientização. De acordo com a oncologista pediátrica e presidente do GAC, Dra. Vera Moraes, “o câncer na infância e na adolescência difere em vários aspectos do câncer na idade adulta”. 

Além de se tratar de uma doença rara na faixa dos 0 a 19 anos, a sua origem biológica é diferente, sem recursos para serem rastreados antes do seu aparecimento e com formas de apresentação mais agressivas e portanto dificultando o diagnóstico precoce nos seus diversos tipos. “O nosso grande desafio é identificar precocemente os sinais e sintomas de alerta tais como: febre, sangramento, dor de cabeça, aumento do volume do abdômen e irritabilidade, entre outros,  e com isso aumentar as taxas de cura que ainda são muito baixas no nosso país”, alerta a oncologista.

Prédios públicos serão iluminados de amarelo em alusão a campanha. Sintomas como febre recorrente, dores injustificadas, manchas em qualquer parte do corpo, surgimento de gânglios e caroços, palidez, perda de peso excessiva, mudança na visão e nos olhos, entre outros, merecem atenção especial, com investigação caso a caso e direcionamento a profissionais especializados. “O diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença no tratamento e no aumento das chances de cura do paciente”, acrescenta Dra. Vera.

Um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revelou que pelo menos de 50 mil a 90 mil brasileiros deixaram de receber o diagnóstico de câncer apenas nos primeiros meses da pandemia, em 2020. No Centro de OncoHematologia Pediátrica (CEONHPE) do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no bairro de Santo Amaro, 46 crianças foram diagnosticadas com câncer, no ano passado, enquanto em 2019 foram identificados 65 casos, uma queda de 29% no diagnóstico. “Precisamos convocar os profissionais da área de saúde, professores toda rede de ensino, pais e responsáveis, para juntos levantarmos essa bandeira nesse mês de setembro onde lembramos a importância do diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil”, diz Dra. Vera.

Leucemia, linfomas do sistema nervoso central, neuroblastoma, retinoblastoma e osteossarcoma são os principais tipos de câncer que acometem crianças e adolescentes. Ainda de acordo com a oncologista, “na maioria das vezes, os sintomas iniciais são confundidos com viroses, resfriados e demais doenças comuns na infância. Por isso, em caso de persistência nos sintomas é preciso buscar investigar as causas e em caso de confirmação do câncer, iniciar o tratamento de forma imediata”.

GAC-PE: Há 24 anos, o GAC atua com a missão de amenizar a dor e amparar crianças e famílias da Região Metropolitana do Recife (RMR), do interior e também de outros estados. Atualmente, assiste, por dia,cerca de 70 pacientes ambulatoriais e 24 em situação de internamento. Todos realizam tratamento no Centro de OncoHematologia Pediátrica (CEONHPE) do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC). A organização social desenvolve projetos específicos de prevenção e humanização do tratamento visando o bem estar de pacientes e familiares em situação de vulnerabilidade. Todas as ações do GAC-PE são realizadas a partir do trabalho de dezenas de voluntários, de parcerias e do investimento das doações permanentes feitas à instituição.