Concurso Nordestino de Frevo premia compositores
I Concurso Nordestino de Frevo da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), premiou 10 novas canções para embalar os próximos Carnavais
O que é preciso para um gênero se manter vivo? O frevo, que fez mais um aniversário nesta terça-feira (14), mantém-se mais vivo e atualizado do que nunca.
Depois de ser renovado enquanto Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil pelo Iphan, o ritmo recebeu suas homenagens merecidas no I Concurso Nordestino de Frevo da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), premiando 10 novas canções para embalar, não só um próximo Carnaval, como também ser executado nas principais mídias do Estado.
O certame premiou 12 artistas em seis categorias, com até R$ 10 mil, em cerimônia realizada no Complexo Gilberto Freyre, em Casa Forte.
Abrindo o evento, o presidente da Fundaj, Antônio Campos, ressaltou a importância do prêmio para o frevo. "No Dia do Frevo, que recentemente foi revalidado pelo Iphan como Patrimônio Imaterial Cultural pelo Iphan, fazer o concurso, cujo aqui está premiando - em que mais de 270 pessoas se inscrevem -, que isso aqui é um ato de resistência. E mostrar que a nossa cultura e nossos criadores estão mostrando sua grande força neste momento", afirmou Antônio Campos.
Em uma celebração restrita aos premiados e seus acompanhantes, que ficaram assistindo no Museu do Homem do Nordeste, grandes compositores puderam se encontrar em um processo de renovação do ritmo. Um deles foi o músico Marcos de Lima, que ficou em primeiro lugar na categoria "Frevo Canção", com a canção "Frevo Rei".
"Comecei a compor frevo há menos de dois anos. Mas eu acho que isso já estava no meu sangue e tenho que parabenizar até a Fundaj pela iniciativa. Quando eu vi que a abriu as inscrições para esse concurso, imediatamente eu já gravei e pedi pro maestro Fábio Valois preparar os arranjos e inscrevê-lo no no festival. E obtive o primeiro lugar nessa categoria tão concorrida", conta o músico que é de Gravatá, conhecido pelas letras em outros gêneros.
Parceria em família
O primeiro lugar da categoria "Frevo de Rua" ficou em família. Um dos maiores compositores do ritmo e Patrimônio Vivo de Pernambuco, J. Michiles, compôs a música "Caceteiro" ao lado do filho, César Michiles.
"Quanto à organização, a Fundação Joaquim Nabuco está de parabéns. Fazia dois anos já que estávamos sem festival, de termos essa emoção carnavalesca, e espero que dure pelos próximos anos. Juntamente com o Festival de Frevo da Prefeitura do Recife, estou maravilhado com essa abertura ao ritmo", conta o compositor J. Michiles, responsável por frevos memoráveis cantados por Alceu Valença, Fafá de Belém e Amelinha, em mais de 50 anos dedicados ao Carnaval.
O músico Getúlio Cavalcanti foi o premiado em primeiro lugar na categoria "Frevo de Bloco", com a já clássica "É Fantasia". "Estou me sentindo como se estivesse recebendo o primeiro prêmio, sabe? Isso é um assunto federal agora, o frevo sempre foi tratado a nível estadual, mas ninguém segura mais ele", contou exaltado com a premiação.
"A minha concepção é que aproveitaram a pandemia e vacinaram o frevo, para que ele venha com mais robustez e dignidade por pessoas que sabem o que é música brasileira. Nossa música é diferente de qualquer outro lugar no mundo".
Mulheres à frente
Fátima de Castro compõe os frevos desde a década de 1990, sendo premiada por eles desde aquele período. Ela ficou em terceiro lugar na categoria "Frevo Canção", com a música "Biscuit de Elefante". Ela explicou a importância do prêmio para as compositoras mulheres. "Infelizmente, brinco, que é mais fácil às vezes a mulher se destacar como motorista de trator do que ser uma compositora de frevo", afirmou.
Outras categorias
As outras composições vencedoras foram"Moraes, carnaval no céu", de Luciano Magno Costa Tenório, e "Três amores", de Clenio Martinho Barbosa de Lima, na categoria "Frevo de Rua"; "Boêmio Sentimental", de Alexandre Rodrigues de LIma/Heleno Batista, e "3º Martelo", de Rafael Marques dos Santos, por "Frevo de Bloco".
"O amor do folião", de Carlos José Ferreira de Lima, ficou em segundo lugar com "Frevo Canção". Já o hino da Turma da Jaqueira Segurando o Talo ficou com o "1º Turma da Jaqueira, segurando o talo", pelo músico Rogério Rangel do Rego Barros.