Senado

'Se eu fosse um lobista, eu seria um péssimo lobista', diz lobista Marconny à CPI

Marconny Faria, em depoimento à CPI - Pedro França / Agência Senado

Em seu depoimento à CPI da Covid, o lobista Marconny Albernaz de Faria negou que tenha atuado junto a instituições públicas para intermediar a venda de equipamentos. Marconny afirmou que nunca cometeu atos de corrupção e que apenas é proprietário de uma empresa de: "assessoramento técnico-político".

"Ao contrário do que dizem por aí, se eu fosse um lobista, eu seria um péssimo lobista. Porque eu jamais fui capaz de transformar minhas relações sociais em contratos e resultados econômicos milionários, conforme falsamente divulgado pela imprensa", afirmou.

Senadores apontam que Marconny atuou em favor da empresa Precisa Medicamentos, na intermediação de venda de testes para detectar a Covid-19. Disse que sua atuação sempre esteve dentro da lei.

"Não há nenhum tipo de contradição de eu na figura de agente privado promover tratativas privadas, análise de cenário político e eventualmente interlocuções institucionais com agentes públicos desde que não esteja configurado nenhum ato de corrupção ativa", afirmou.

Marconny ainda afirmou que nunca obteve vantagens e que as informações divulgadas sobre seus bens não são verdadeiras. Disse que suas posses são condizentes com sua renda e que apenas possui um apartamento financiado em 30 anos e um veículo ano 2012.

Marconny diz que não é foragido
O lobista Marconny Albernaz de Faria afirmou que não compareceu ao depoimento previamente marcado porque não foi formalmente intimado e que não é um foragido da comissão.

Marconny deveria ter prestado depoimento há duas semanas. No entanto, não compareceu e a cúpula da CPI chegou a determinar a condução sob vara do depoente, que acabou não encontrado.

Assista ao vivo:

O lobista afirmou que, quando teve notícias de que era considerado foragido, se apresentou espontaneamente na Secretaria da Mesa da comissão.

Questionado sobre o motivo de não ter comparecido, disse que teve um colapso nervoso.

"Tive que me preparar muito fisicamente e psicologicamente para estar aqui, sobretudo por não ter feito nada de errado", afirmou,

Marconny irrita CPI
O lobista Marconny Albernaz de Faria irritou os membros da CPI da Covid, ao não apontar quem seria o senador que ele mencionou em uma mensagem em posse da comissão.

A mensagem, obtida em decorrência do compartilhamento de dados do Ministério Público Federal com a CPI, informou a um interlocutor que já estava em contato com um senador que ajudaria a "desatar o nó", em uma tratativa referente à venda de testes para detectar Covid-19.

Inicialmente, Marconny afirmou que não lembrava quem era o parlamentar. Em seguida, disse que não conhecia nenhum senador.
"Não tem nenhum senador sendo investigado. Agora o senhor não dizer o nome do senhor é complicado. O senhor está omitindo, está faltando com a verdade", disse o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM).

Aziz disse que poderia consultar o Supremo Tribunal Federal sobre como poderia proceder, uma vez que Marconny detém um habeas corpus.

Relação com a Precisa
Em depoimento à CPI da Covid, o lobista Marconny Albernaz de Faria afirmou que foi consultado pela Precisa Medicamentos para atuar com assessoramento político junto ao Ministério da Saúde, mas negou que houve tratativas e que tenha recebido recursos da empresa.
O lobista é apontado como intermediário na negociação de testes para detectar a Covid-19.

"No início da pandemia, fui sondado para assessorar politicamente e tecnicamente a Precisa em concorrência pública que já estava em andamento perante o Ministério da Saúde e que tinha como objetivo a aquisição de testes rápidos para detecção do covid-19. Como a concorrência já estava em andamento, não participei da análise do edital, habilitação ou apresentação de proposta da Precisa", afirmou.

Marconny afirma que a compra dos testes foi cancelada pelo Ministério da Saúde, por conta da mudança de uma diretriz da pasta.

"Não fui contactado para nenhum outro serviço relacionado à Precisa ou ao Ministério da Saúde e muito menos à vacina", afirmou.

"O início da pandemia foi marcado por incertezas e mudanças quanto às políticas públicas mundiais no combate ao coronavírus, tanto que o Ministério da Saúde cancelou essa concorrência em andamento e decidiu pela utilização de outros meios de testagem da população.

Tendo aí terminado toda e qualquer participação no assunto, ou seja, tudo isso não passou de uma conversa de WhatsApp que durou aproximadamente 30 dias", disse, lendo uma mensagem previamente escrita.