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EUA condena 'retórica perigosa' de aliado do primeiro-ministro etíope

Na declaração do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, rebeldes da região do Tigré foram comparados ao demônio

Casa Branca - AFP

Os Estados Unidos condenaram nesta segunda-feira (20) o discurso recente de um aliado político do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, que comparou os rebeldes da região do Tigré, cenário de uma guerra, ao demônio e afirmou que devem ser "os últimos da sua espécie".

"Semelhante retórica de ódio é perigosa e inaceitável", disse à AFP um porta-voz do Departamento de Estado, em reação a um discurso feito na semana passada por Daniel Kibret, considerado um assessor do primeiro-ministro etíope e que foi nomeado no ano passado na junta diretora da agência estatal de notícias Ethiopan Press Agency.

A região do Tigré, no norte da Etiópia, tem sido devastada por intensos combates desde que Abiy Ahmed enviou o exército em novembro de 2020 para destituir as autoridades regionais da Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF).

Esta guerra deixou milhares de mortos e deixou centenas de milhares de pessoas em condições próximas à fome extrema, segundo a ONU. O conflito se espalhou para as regiões vizinhas de Afar e Amhara.

"Como sabem, depois da queda de Satanás, não se criou ninguém como ele. Satanás foi o último da sua espécie. E eles (o TPLF) também devem ser os últimos da sua espécie", disse Daniel frente a altos funcionários da região de Amhara.

Os rebeldes do TPLF "devem ser erradicados e desaparecer dos arquivos. Quem quiser estudá-los não deveria encontrar nada sobre eles. Talvez possa encontrar algo cavando a terra", disse, em meio a aplausos.

Perguntado pela AFP sobre estes comentários, Daniel declarou em um texto que se referia ao "grupo terrorista do TPLF".

Um funcionário do governo federal etíope, que pediu anonimato, declarou à AFP que este aliado do primeiro-ministro expressou "sentimentos pessoais" e que não tinha dito explicitamente que todos os moradores do Tigré devam ser erradicados.