CPI da Covid

Simone Tebet fala sobre agressões de Wagner Rosário

"Que isso sirva para que todos que estão nos assistindo prestem mais atenção sobre como tratam as mulheres nos espaços públicos", disse a senadora

Senadora Simone Tebet (MDB) - Leopoldo Silva / Agência Senado


Em entrevista nesta manhã, antes do início da reunião da CPI, Simone Tebet (MDB-MS) disse que acontecimentos da sessão de ontem demonstram que o desrespeito às mulheres na vida pública é estrutural. A senadora também comentou sobre a atuação da CGU no caso da Covaxin.

"Para não desviar o foco, eu tentei apaziguar para que a gente pudesse retomar a CPI. Quando eu fui até lá, tentando acalmar, ele percebeu meu gesto e fez um gesto de pedido de desculpa. Como cidadã, como mulher, como mãe, para mim é página virada. Agora, como líder da bancada feminina, não é possível nós não aproveitarmos esse espaço que a imprensa está dando para as mulheres brasileiras, para mandar um recado. para que isso se torne educativo", disse a senadora.

"Não é mimimi, não é vitimização. porque não foi uma palavra qualquer, não foi um ataque a minha atividade profissional. 'A senhora é incompetente', isso é aceitável. 'A senhora não está dizendo a verdade', isso é aceitável. Quando faz um ataque a minha condição como mulher, 'a senhora é exaltada', 'a senhora é descontrolada', 'a senhora é estérica', isso é algo que é claramente uma violência política contra a mulher", comentou Tebet. "Que isso sirva para que todos que estão nos assistindo prestem mais atenção sobre como tratam as mulheres nos espaços públicos. A gente só quer o direito de ter voz e ter vez num momento em que a sociedade brasileira mais precisa de nós".
 

"Talvez aí eu tenha tocado na ferida e o ministro tenha se ressentido. porque eu fiz o processo oposto. Eu tenho convicção que a CGU fez dever de casa. O problema foi esse. A CGU foi criada como órgão de controle prévio. Havia um pacto com o Ministério da Saúde de que tudo envolvesse a pandemia, a compra do que ser que seja, passaria pela CGU. pelo menos é isso que diz a nta técniaca da prórpia CGU. Com a Pfizer eles, passo a passo, consultaram os auditres, os advogados públicos da CGU- pode, não pode, faço, não faço. Porque ocultaram o contrato com a Covaxin?", questionou a senadora.

"A minha crítica ao ministro é que enquanto os auditores fizeram o dever de casa e denunciaram, ainda que posteriormente., porque só foram cobrados depois, o corregedor fez o processo inverso. Ele atuou como advogado de defesa", avaliou.

Senadores repercutem 
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), se solidarizou com Simone Tebet (MDB-MS) pelo episódio em que ela foi chamada de “descontrolada" pelo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, durante depoimento, ontem. Simone agradeceu a solidariedade dos senadores.

Eliziane Gama (Cidadania-MA), Otto Alencar (PSD-BA), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Zenaide Maia (Pros-RN), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Leila Barros (Cidadania-DF) também se solidarizaram com Simone Tebet (MDB-MS) em relação ao episódio em ela que foi chamada de "descontrolada" pelo ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário. Omar Aziz (PSD-AM) ressaltou que ninguém pode chamar uma mulher de "desequilibrada" por se contrapor a um homem.

"A senadora Simone nunca faltou com o respeito com nenhuma pessoa que veio aqui ser ouvida. Pelo contrário, ela é firme e traz fatos para mostrar quando está fazendo um questionamento — afirmou Omar.

Eduardo Girão (Podemos-CE) e Luis Carlos Heinze (PP-RS) lamentaram o acontecido, mas Girão lembrou que Wagner Rosário também foi ofendido. 

Além de Simone Tebet (MDB-MS) — atacada pelo ministro Wagner Rosário após expor com detalhes a cronologia da auditoria da CGU sobre contratos do Ministério da Saúde —, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Otto Alencar (PSD-BA) solidarizaram-se com a senadora Leila Barros (Cidadania-DF), que interveio no ataque verbal sofrido pela colega e discutiu com o senador Marcos Rogério (DEM-RO).

"Ela não é uma heroína só das quadras, não. Uma das cenas mais tristes, ontem, foi um colega fazer coro com machista. Ainda bem que teve a valentia de Leila Barros para gritar um sonoro 'não' ao machismo", elogiou Randolfe.

"Não aceito mais esse tipo de comportamento com nenhuma mulher na minha frente. Não é porque eu tenho 1,80 m ou porque fui atleta. É porque sou mulher! Prestemos atenção nessa estratégia baixa de muitos depoentes nesta CPI".