Campanha de vacinação

Bolsonaro editará decreto liberando vacinação para adolescentes

Há seis dias, ministério da Saúde suspendeu a aplicação de imunizantes entre jovens de 12 a 17 anos

Presidente Jair Bolsonaro - Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Jair Bolsonaro editará um decreto que vai liberar a vacinação contra a covid-19 para adolescentes em todo o país. O texto destacará que os jovens entre 12 e 17 anos só poderão receber imunizantes liberados pela Agência Nacional de Vigilância Santária (Anvisa) para a faixa etária. Atualmente, apenas a Pfizer é autorizada para este grupo. A previsão é que a medida seja publicada ainda nesta quarta-feira, segundo informações do alto escalão do governo.

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O decreto ocorrerá seis dias após o Ministério da Saúde ter divulgado uma nota técnica recomendando que não haja vacinação em adolescentes sem comorbidades. A nova orientação revisa uma diretriz anterior da pasta e restringe a imunização a "adolescentes de 12 a 17 anos que apresentem deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade, apesar da autorização pela Anvisa do uso da Vacina Cominarty (Pfizer/Biontech)".

Após participar da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, Bolsonaro chegou ao Brasil nesta manhã  e está despachando do Palácio da Alvorada. Ele e toda a comitiva estão em isolamento após o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, testar positivo para a Covid-19 antes de voltar ao Brasil. Queiroga está em quarentena em um hotel na cidade americana. 

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A mudança de orientação do Ministério da Saúde ocorreu  na última quinta-feira quando  o presidente Bolsonaro tomou conhecimento da morte de uma jovem de 16 anos sete dias depois de receber o imunizante contra a Covid-19 em São Bernardo do Campo (SP).  O governo de São Paulo, no dia seguinte, concluiu a que a vacina da Pfizer não é a causa provável da morte de uma adolescente de 16 anos, e sim uma doença autoimune denominada Púrpura Trombótica Trombocitopênica (PPT).

A decisão de só imunizar adolescentes com comobordidades não passou pelas equipes de especialistas do Programa Nacional de Imunização e da Câmara Técnica, como revelou a colunista do GLOBO Malu Gaspar.

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A recomendação contra a vacinação dos adolescentes ainda foi reforçada pelo próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que chegou a dizer que as mães não deveriam levar "suas crianças" para vacinar "sem autorização da Anvisa". A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no entanto, manteve a orientação para imunizar jovens de 12 a 17 anos com a Pfizer.

A decisão do Ministério da Saúde foi criticada pelos estados e a maioria seguiu vacinando adolescentes.