Peru cremação

Governo do Peru anuncia cremação do corpo do líder do grupo Sendero Luminoso

O corpo de Abimael Guzmán, líder do grupo armado maoísta Sendero Luminoso, foi cremado hoje no Peru

Abimael Guzmán - Francisco Medina/AFP

O governo do Peru cremou o corpo do violento líder do grupo armado maoísta Sendero Luminoso, Abimael Guzmán, encerrando um violento capítulo da história do país que deixou dezenas de milhares de mortos e desaparecidos em duas décadas de conflito interno.

Em um comunicado, o Ministério do Interior informou que, nesta sexta-feira, "às 3h20 (5h20 de Brasília), na sede do Hospital Centro Médico Naval de Callao, começou a cremação do corpo de Manuel Rubén Abimael Guzmán Reinoso, culminando às 5h30 (8h30 de Brasília) do presente dia".

O destino das cinzas de Guzmán, cujo cadáver permaneceu em um necrotério desta cidade desde sua morte na prisão, em 11 de setembro, aos 86 anos, não foi revelado pelo governo e permanece um segredo.

A cremação aconteceu em um ato organizado de maneira reservada, com base em uma lei que permite ao Estado determinar o destino dos cadáveres dos líderes terroristas em nome da segurança nacional. Estiveram presentes os ministros do Interior, Juan Carrasco, e da Justiça, Aníbal Torres.

Horas antes, e sob forte proteção policial, o corpo foi transferido do necrotério de Callao para o crematório do hospital Naval, que fica na mesma área.

As autoridades não permitiram a entrada da imprensa e não informaram se há imagens da cremação, algo que parlamentares de direita haviam solicitado.

O ato coincidiu com o Dia das Forças Armadas, data celebrada nesta data no país.

"No Dia das Forças Armadas, o Executivo cumpriu a cremação e a disposição final das cinzas do genocida Abimael Guzmán. Hoje, mais do que nunca, reivindicamos a memória dos milhares de peruanos mortos pelo terror", tuitou o ministro do Interior.

A cremação encerrou uma disputa entre as autoridades e a viúva, que reclamava os restos mortais de Guzmán e acusou o governo de "assassinato".

O cadáver de Guzmán estava sob poder do Ministério Público desde sua morte, depois que um procurador rejeitou o pedido da viúva, a também detida Elena Yparaguirre, de fazer um sepultamento por meio de uma terceira pessoa. 

Respaldado por uma lei recente, o MP alegou razões de segurança nacional para cremar o corpo e não entregá-lo à viúva. Havia o temor de que o túmulo se transformasse em um local de peregrinação para o Sendero Luminoso, grupo considerado terrorista e ilegal no país há várias décadas.

O Sendero Luminoso iniciou uma "guerra popular" marcada por violentas ações terroristas entre 1980 e 2000. De acordo com a Comissão da Verdade e Reconciliação, este conflito deixou 70 mil mortos.