Artistas se reúnem para lançar música em homenagem aos 90 anos do Cristo Redentor
A composição é de Moacy Luz e a música reúne cantores como Zeca Pagodinho, Maria Rita, Diogo Nogueira, Mart'nália, entre outros
Às segundas-feiras, voltando do aeroporto para casa, depois um fim de semana de shows, o ritual do cantor e compositor Moacyr Luz é um só: o de dar aquela espiadela marota no Cristo Redentor.
— Fico torcendo para ele estar limpo, que é para o Samba do Trabalhador [sua roda semanal no Renascença Clube, no Andaraí] acontecer sem chuva — informa esse carioca que já morou em todo canto do Rio, de Jacarepaguá ao Flamengo, e que agora encontrou uma chance de louvar o Cristo com aquilo que melhor sabe fazer: “um samba que vem da bossa nova, bem a cara do Rio.”
Lançado no streaming na noite deste domingo (a bordo de um videoclipe que estreou no programa “Fantástico”), “Alma carioca, Cristo Redentor” é o tal samba que Moacyr compôs, a pedido da União Brasileira de Compositores (UBC). Uma homenagem bem à altura – são 38 metros, somados aos 710 no alto do morro do Corcovado – dos 90 anos do monumento, que se celebram no próximo dia 12.
Numa parceria da UBC com a Sony Music Brasil e o Santuário Cristo Redentor, o samba acabou reunindo, em sua gravação, um time de sonhos da MPB: Zeca Pagodinho, Maria Rita, Diogo Nogueira, Mart’nália, Fagner, Paula Toller, Xande de Pilares, Fernanda Abreu, Padre Omar, Sandra de Sá, Jorge Aragão, Toni Garrido e Bruno Gouveia (do Biquini Cavadão), além, é claro, do autor.
Um hino carioca, a um Cristo de “pedra sabão, coração carrara / que bate forte numa noite clara”, e que está a olhar com piedade por um Rio assolado pela pandemia, “Alma carioca, Cristo Redentor” ficou pronta de um dia para o outro, no fluxo incessante da inspiração de Moacyr Luz.
— Geralmente minhas músicas ficam prontas de uma tacada só, depois eu vou ajeitando. Fiz ela muito despojada. Todas as cidades do Brasil querem ter um Cristo Redentor, ele é um Davi de Michelangelo em plena casa da gente. Por onde a gente anda no Rio de Janeiro, ele está de olho. Eu não tenho essa fé de chorar pelo Cristo, a minha fé é a de que ele está protegendo a cidade com a sua grandiosidade — discorre Moacyr.
— O talento ímpar de Moacyr Luz construiu em apenas 24 horas uma música com vestígios de um samba clássico, digno da comemoração de 90 anos do símbolo máximo de brasilidade e nossa fé na vida — festeja Marcelo Castello Branco, diretor-executivo da UBC, que cuidou de extrapolar as pretensões iniciais da UBC e levou o samba para Sony, para a Arquidiocese, para Adriano de Martini (que dirigiu o clipe) e para os muitos convidados, dirigidos no estúdio pelo produtor Max Pierre.
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Na hora de cantar, cada um foi dando a sua interpretação, mas sem atravessar o samba.
— Coisa mais linda que tem é sempre ver que o Cristo está de braços abertos para todo mundo. Sem exceção e com a maior humildade — diverte-se Mart’nália.
— Nós temos a sétima maravilha do mundo bem aqui no nosso quintal, o Cristo inspira muitas músicas! — reconhece Jorge Aragão (e de fato: em 2007 o Cristo Redentor foi eleito uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno).
Presidente da Sony Music do Brasil, Paulo Junqueiro aposta agora numa repercussão internacional de “Alma carioca, Cristo Redentor”.
— O monumento mais icônico do Rio de Janeiro e um dos grandes cartões postais do Brasil, conhecido em todo o mundo, merecia uma canção que celebre seus 90 anos com afeto e alegria. Que esta música transmita a alma carioca e a importância do Cristo Redentor para todos.