Contarato acusa Fakhoury de homofobia por postagem e pede apuração
Empresário afirmou que foi um comentário "infeliz" e que "não teve a intenção de ofender" o senador
No início da sessão desta quinta-feira (30) da CPI da Covid, cujo depoente é o empresário Otávio Oscar Fakhoury, acusado de financiar canais de informação conhecidos por disseminar notícias falsas, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) pediu a palavra e fez um desabafo, acompanhado de acusação de homofobia.
"Quero pedir perdão aos colegas. Minha fala é um tanto carregada de emoção e eu não poderia deixar de fazer este registro aqui", disse o senador, que logo foi interrompido pelo presidente da comissão, Omar Aziz, com um pedido de que o colega de parlamento assumisse a cadeira da presidência para falar.
Em um discurso carregado de revolta e emoção, Contarato iniciou a sua fala dizendo que, quando tomou posse como senador, muitas pessoas o perguntavam sobre o respeito que recebia dos colegas. Vale lembrar que ele é o primeiro senador assumidamente gay do Brasil, eleito em 2018.
E o senador lembrou da resposta que dava a quem lhe fazia a indagação: "Todos têm o respeito, carinho, deferência por mim, como se deve ter por qualquer pessoa".
E seguiu dizendo, agora dirigindo-se diretamente a Fakhoury, que "dinheiro não compra dignidade, não compra caráter". E revelou o motivo daquele depoimento ao exibir uma publicação feita pela depoente em rede social. "O delegado, homossexual assumido, talvez estivesse pensando no perfume de alguma pessoa ali daquele plenário...Qual seria o 'perfumado' que lhe cativou?".
Otávio referia-se, em tom de chacota, a um erro de grafia em um post de Contarato, que trocou flagrancial por "fragancial".
Fabiano, então, traça um comparativo entre esse tweet de Fakhoury e um outro, mais recente, no qual ele diz que pauta sua vida pela transparência, legalidade e moralidade. Um discurso que não casa com a prática. E o senador segue perguntando: "Qual é a imagem, enquanto pai, enquanto esposo, enquanto cidadão que o senhor vai passar para os seus filhos?".
O parlamentar faz seu depoimento enquanto o depoente observa, trocando, em alguns momentos, informações com os advogados.
"O senhor pode ter todo o dinheiro do mundo. Eu tenho minha vida modesta, e com muito orgulho. Cuidando da minha família, com meu esposo e meus dois filhos, Gabriel, de 7 anos, Mariana, que fez 2. Mas eu quero que eles tenham a certeza de que eu lutei e vou continuar lutando para reduzir essa desigualdade que há no Brasil", disse o senador, que ainda citou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que equipara o crime de homofobia ao de racismo - inafiançável e imprescritível.
E, já perto do fim do seu depoimento, Contarato explica o porquê de ter resolvido falar: "É necessário isso para que não aconteça com outros. O mínimo que o senhor poderia fazer era pedir desculpa não só a mim, mas a toda a comunidade LGBTQIA+".
Finalizou citando Martin Luther King: "Eu também tenho um sonho: eu sonho um dia em que eu não vou ser julgado pela minha orientação sexual, eu sonho um dia em que os meus filhos não serão julgados porque são negros".
O empresário afirmou que foi um comentário "infeliz" e que "não teve a intenção de ofender".
Contarato pediu à Polícia Legislativa que apure o crime de homofobia, e a CPI também encaminhou a denúncia ao Ministério Público Federal.