EUA

Biden se reúne com democratas e mostra confiança em aprovação de reformas

'Digo a vocês: nós iremos conseguir', afirmou o presidente, após se reunir com congressistas democratas no Capitólio

Joe Biden - CHIP SOMODEVILLA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

O presidente Joe Biden mostrou-se nesta sexta-feira (1ª) confiante em uma união entre os democratas para apoiar seus projetos ambiciosos de reforma, paralisados no Congresso, ao qual compareceu para promover as medidas, para as quais não determinou um prazo.

"Digo a vocês: nós iremos conseguir", afirmou o presidente, após se reunir com congressistas democratas no Capitólio. "Não importa quando, não importa se for em seis minutos, seis dias ou seis meses", acrescentou. O presidente, ex-senador, procurou mostrar um partido unido em torno de suas idéias.

A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, havia prometido uma votação esta semana sobre o plano de infraestrutura de Biden. Mas com suas declarações, o presidente deu aos líderes democratas a oportunidade de ganhar um tempo precioso para alcançar o equilíbrio necessário.

Biden prometeu "reconstruir melhor" os Estados Unidos após a pandemia e frente às mudanças climáticas. Ele quer renovar a infraestrutura física e recriar a rede de apoio social. O ex-senador, que luta para despertar o entusiasmo popular por suas reformas, deve ter sucesso em várias frentes.

- Democratas divididos -

De um lado, há investimentos pesados em estradas, pontes e redes elétricas, bastante consensuais, apoiados por vários congressistas republicanos e, a princípio, pelos democratas. Do outro, há um programa gigante de gastos sociais (educação, saúde, cuidado infantil) e ambientais do qual os conservadores não querem ouvir falar e que divide o campo democrata.

O montante, ainda incerto, foi anunciado inicialmente em US$ 3,5 bilhões. Para além das negociações dentro do Partido Democrata, o debate gira em torno da filosofia do projeto de Biden, de fazer dos Estados Unidos do século XXI um modelo de prosperidade e estabilidade frente à China.

Para os democratas de centro e todo o campo republicano, o Estado não deveria interferir muito, mesmo com a melhor das intenções, na vida privada dos americanos. 

- 'Assistencialismo' -

O senador Manchin, democrata de centro, disse publicamente que se opõe ao desenvolvimento de uma "mentalidade de assistencialismo" em uma sociedade na qual enfrentar os custos da educação, saúde ou perda de renda provém historicamente da resiliência individual, e até da caridade.

Já para os congressistas mais à esquerda, liderados pelo senador Bernie Sanders, existe uma necessidade urgente de corrigir desigualdades enormes. E no meio está Biden, que tenta a síntese, repetindo incessantemente: "sou um capitalista", mas ressaltando que é necessário apoiar a classe média trabalhadora.

Os democratas controlam a Câmara dos Representantes, mas a sua maioria no Senado é tão apertada que qualquer deserção tem um custo alto. Além disso, eles podem perder a maioria em pouco mais de um ano, nas eleições de meio de mandato.

Para complicar ainda mais as coisas, os republicanos, lavando as mãos diante dessa guerra interna, querem que os democratas se defendam sozinhos, novamente às custas de manobras parlamentares tortuosas, para votar antes do prazo de 18 de outubro o aumento do limite da dívida. Esse procedimento orçamentário, considerado por muito tempo técnico, mas agora refém de divisões partidárias, é necessário para evitar um "default" dos Estados Unidos, que teria consequências imprevisíveis.