Cinema

Rússia envia atriz e diretor ao espaço para rodar o primeiro filme em órbita

Enviados foram a atriz Yuliya Peresild e o cineasta Klim Shipenko; eles partiram da base de Baikonur, no Cazaquistão, às 5h55 desta terça (5)

Atriz e diretor foram enviados para o espaço para rodar o primeiro filme em órbita - Reprodução/Instagram

Depois de perder a corrida espacial para os Estados Unidos por anos a fio, a Rússia enfim ganhou a dianteira no assunto. O país enviou uma atriz e um cineasta para rodar o primeiro longa-metragem no espaço nesta terça (5) –antes do astro americano Tom Cruise, que se prepara para um projeto semelhante, ter a chance de decolar.

Os enviados foram a atriz Yuliya Peresild, de 37 anos, e o cineasta Klim Shipenko, de 38. Eles partiram da base de Baikonur, no Cazaquistão, a bordo do foguete Soyuz às 5h55 no horário de Brasília, acompanhados do experiente astronauta Anton Shkaplerov. O foguete chegou à estação espacial internacional às 9h22 do horário de Brasília, dez minutos depois do previsto.

A dupla tem 12 dias para filmar "O Desafio", sobre uma médica que tenta salvar um astronauta, antes de retornar à Terra em 17 de outubro.

Klim Shipenko, o cineasta, afirmou em uma coletiva de imprensa realizada na última sexta (1º) que terá de desempenhar todas as funções técnicas em geral realizadas por uma equipe inteira para dar conta da produção do filme. "Não tenho a quem pedir conselhos, ou um fotógrafo a quem perguntar como filmar com a luz de uma janela", disse.

 

A atriz e o cineasta que chegaram agora ao espaço passaram por um treinamento para conseguir suportar a aceleração violenta da decolagem e aprender se movimentar em gravidade zero.

As filmagens acontecem em um momento em que as viagens espaciais parecem ficar cada vez mais acessíveis, como aquelas realizadas pelos bilionários Richard Branson e Jeff Bezos. Também na sexta passada, uma das empresas do último, a Blue Origin, anunciou que levará o ator William Shatner, o capitão Kirk de "Star Trek", para o espaço na semana que vem.

Do ponto de vista da Roscosmos, agência responsável pela empreitada, o filme pode ajudar a Rússia a recuperar o prestígio espacial perdido devido aos escândalos de corrupção com que se envolveu nos últimos anos, além dos muitos problemas técnicos que registrou.

A entidade tinha revelado seu projeto cinematográfico no ano passado, na esteira do anúncio de que o astro americano Tom Cruise pretendia rodar um filme a bordo da Estação Espacial Internacional. Embora todas as missões espaciais até hoje tenham transmitido imagens, nunca se filmou um longa-metragem de ficção em órbita.

Os produtores do filme são figuras russas importantes, sinalizando a importância do projeto para Moscou –nomes como Dmitri Rogozin, diretor da Roscosmos que já foi vice-primeiro-ministro, e Konstantin Ernst, à frente da cadeia televisiva Pervyi Kanal.

O último foi responsável por orquestrar alguns dos momentos de maior visibilidade do presidente Vladimir Putin, como desfiles militares, cerimônia de posse e a abertura dos Jogos de Inverno de Sochi em 2014.

Em abril, durante as comemorações dos 60 anos do primeiro voo ao espaço, tripulado por Iuri Gagárin, vitória simbólica da União Soviética sobre os Estados Unidos durante a Guerra Fria, Putin proclamou que a Rússia deveria continuar como uma grande potência espacial.

O país busca se lançar no turismo espacial, e anunciou que em dezembro deve levar um multimilionário japonês ao espaço.

Outras ambições da Roscosmos incluem uma estação espacial russa e outra dividida entre o País e a China –Moscou decidiu recusar um projeto de Washington na lua por considerá-lo centrado demais nos Estados Unidos. Nenhum desses desejos tem data para acontecer ainda, no entanto.