Paciente da Prevent diz que tratamento paliativo era prática para eliminar pacientes de alto custo
Andrade afirmou que a maior parte dos médicos da operadora são comprometidos em dar as melhores condições e curar os pacientes
Em depoimento à CPI da Covid, o paciente da Prevent Senior Tadeu Frederico de Andrade afirmou que a prática de tratamento paliativo para vítimas de Covid era usado sem critérios médicos e sim para "eliminar" pacientes de alto custo.
"Era a prática da Prevent Senior para eliminar pacientes de alto custo", afirmou.
"Sou testemunha viva da política criminosa dessa corporação e seus dirigentes", completou.
Andrade afirmou que a maior parte dos médicos da operadora são comprometidos em dar as melhores condições e curar os pacientes. No entanto, afirma que diretores e alguns profissionais eram ligados a uma "trama macabra".
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"Tive uma maravilhosa chance por ter sobrevivido e por isso não posso me omitir. Tenho que denunciar os gravíssimos fatos que eu e minha família vivenciamos, assim como inúmeras outras famílias que são invisíveis e não apareceram", afirmou.
Ele acrescenta que vai até o fim para "responsabilizar e punir exemplarmente todos os responsáveis por esse horror" e fazer justiça.
"Não se pode permitir que o lucro se sobreponha à ética médica, à moral ou à vida", afirmou.
"Por fim, espero que todos nós honremos todas as vítimas dessa trama macabra pois morreram sem que fossem dada qualquer chance de defesa".
Fiscalização de tratamento
O advogado e paciente da Prevent Senior Tadeu Frederico Andrade afirma que sua família desconfiou dos procedimentos da operadora e contratou um médico particular para fiscalizar os procedimentos adotados.
Os médicos receitaram tratamento paliativo, pois afirmaram que seu caso não havia solução.
"Argumento era que meu caso não tinha mais solução, rins e pulmões comprometidos e que, eventualmente, se eu sobrevivesse, seria um paciente com problemas renais crônicos e problemas respiratórios também", afirmou.
O paciente afirma que não tem atualmente problemas renais e respiratórios e aponta que veio sozinho de São Paulo para Brasília para seu depoimento.
Ele afirma que sua família ameaçou entrar na justiça e buscar a imprensa para tentar reverter a recomendação de tratamento paliativo. Além disso, chegou a contratar um médico, por não confiar mais na operadora.
"Minha família, desconfiando da estrutura da Prevent Senior, contratou um médico particular para fazer a fiscalização de procedimentos internos", afirmou.
"Esse médico foi um verdadeiro fiscal dos procedimentos", completou.
Entrega de medicamentos em casa
O paciente da Prevent Senior Tadeu Frederico Andrade afirmou que não tinha uma posição sobre medicamentos como hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19, mas que estranhou a iniciativa dos médicos de enviarem os remédios por motoboy para sua casa.
"Minha percepção [sobre o serviço da Prevent] só se deu antes da minha internação, porque depois eu estava intubado. Mas eu estranhei esse protocolo de enviar remédio em casa, eu nunca vi isso", afirmou.
Andrade afirma que sentiu febre às vésperas do Natal e procurou atendimento. Então teve uma tele-consulta e recebeu em sua casa os medicamentos do tratamento precoce. Ele acredita poderia ter evitado grande parte do sofrimento se tivesse sido internado imediatamente e não sido tratado com os medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19.
Quando chegou ao pronto-socorro, o paciente acabou sendo imediatamente intubado.
A Prevent Senior nega que existisse um protocolo para administrar a hidroxicloroquina e outros medicamentos, argumentando que os médicos tinham total autonomia para diagnosticar e receitar tratamentos. Em depoimento à CPI da Covid, o diretor Pedro
Benedito Batista Júnior afirmou que não existia uma padronização nos medicamentos enviados aos pacientes e que eles eram individualizados, de acordo com a necessidade de cada um.
Outro lado
A Prevent Senior divulgou uma nota nesta quinta-feira (7) na qual nega que tenha iniciado o tratamento paliativo a Tadeu Frederico Andrade sem autorização da família.
"Já tornado público via imprensa, o prontuário do paciente é taxativo: uma médica sugeriu, dada a piora do paciente, a adoção de cuidados paliativos. Conversou com uma de suas filhas por volta de meio-dia do dia 30 de janeiro. No entanto, ele não foi iniciado, por discordância da família, diferentemente do que o enhor. Tadeu afirmou à CPI", afirma o texto.
"Frise-se: a médica fez uma sugestão, não determinação. O paciente recebeu e continua recebendo todo o suporte necessário para superar a doença e sequelas", conclui a nota.