Criança

Veja problemas oftalmológicos comuns na infância e saiba como tratá-los

Existem doenças raras cujo tratamento precisa ser iniciado antes do nascimento da criança

A recomendação da oftalmopediatra Ana Carolina é de que toda criança tenha acompanhamento oftalmológico regular - Divulgação

Costuma-se reforçar o cuidado com os olhos com o avançar da idade, mas crianças também podem desenvolver problemas na visão — essencial para o desenvolvimento físico, psicoemocional e cognitivo da pessoa durante a infância — e que se não forem bem tratados podem até levar à cegueira.

De acordo com a oftalmopediatra Ana Carolina Collier, do Instituto de Olhos do Recife (IOR), nos últimos anos, os problemas mais comuns são os estrabismos e os erros refracionais. "Por conta do uso excessivo de eletrônicos, como tablets e celulares, a miopia e a hipermetropia acabam sendo mais comuns", explica Carol.

Nesses casos, é preciso identificar o problema com antecedência, através de exames oftalmológicos regulares, para evitar a progressão de forma rápida. "Até os dois anos, a recomendação é que o acompanhamento seja feito por meio de consultas num período de seis em seis meses. A partir dos dois anos, esse intervalo pode ficar sendo a cada um ano", determina. "No entanto, isso pode variar a depender da necessidade. Os médicos podem recomendar períodos distintos para cada criança", emenda.

Doenças raras e graves

Além disso, há uma série de doenças raras que acometem as crianças, tais como toxoplasmose, glaucoma congênito, retinopatia da prematuridade, catarata e atrofia ótica. Para evitá-las é necessário cuidados com a visão, mesmo antes do nascimento. “Até os primeiros anos de vida do bebê, os pais precisam estar atentos à detecção e intervenção precoce para prevenir deficiências visuais. A mãe, por exemplo, deve realizar um bom pré-natal para detectar e tratar doenças infeccionas congênitas, como herpes, citomegalovírus, sífilis, toxoplasmose, zika”, orienta a especialista.

Ao nascer, a criança precisa realizar o Teste do Olhinho que é simples, obrigatório e gratuito. “Ele é feito na maternidade pelo pediatra, que depois encaminha o bebê para uma avaliação com o oftalmologista, nos primeiros meses de visa. Nesse exame, é possível detectar suspeita de retinoblastoma, glaucoma, catarata, entre outras doenças”, explica a médica.

Após o teste, a criança deve ter acompanhamento oftalmológico regular, pois os elementos anatômicos essenciais para o processamento visual estão presentes, mas não completamente desenvolvidos. “De acordo com os resultados dessa triagem inicial, o oftalmologista orienta os pais se o bebê precisa retornar com seis meses ou com um ano para fazer uma nova avaliação”, ressalta a oftalmopediatra.

Erros

Com o avanço da oftalmologia, hoje, é possível evitar e tratar até 70% das causas de cegueira ou grave comprometimento visual na infância. Apesar disso, aproximadamente 20% das crianças brasileiras, em idade escolar, apresentam distúrbios oftalmológicos decorrentes de erros de refração não corrigidos com óculos de grau, estrabismo e ambliopia, que é a diminuição da intensidade visual. “Isso é grave, porque a perda da integridade do sistema visual nos primeiros anos de vida tem impactos no desenvolvimento global, pode causar baixa autoestima, dificuldade de aprendizado e baixo rendimento escolar”, alerta Ana Carolina.

Outra condição rara em crianças é o descolamento de retina. “Embora não seja comum na infância, pode acontecer e tem que ser tratado o mais rápido possível. A cirurgia é a única opção e, infelizmente, nem todos os casos são operáveis”, explica. Para os casos cirúrgicos, existem dois tipos de correção: a vitrectomia posterior via pars plana ou a retinopexia com introflexão escleral. “Ambas são operações de alta complexidade. Por isso, nossa recomendação é sempre o acompanhamento periódico para um tratamento preventivo”.