Coronavírus

Irregularidades na qualidade do ar contribuem para propagação da Covid-19, afirma MPT-PE

Segundo o órgão, irregularidades encontradas em estabelecimentos contribuíram para a piora da pandemia

Corredor de hospital - Pixabay

O Ministério Público do Trabalho de Pernambuco (MPT-PE) apresentou dados, nesta quinta-feira (14), sobre a qualidade do ar em ambientes com climatização artificial. Segundo o órgão, irregularidades encontradas em estabelecimentos contribuíram com a propagação da Covid-19. 

“Quando não controlado e monitorado, a depender da atividade econômica e tipo de atendimento, sim”, afirmou a procuradora do MPT-PE Adriana Gondim, a respeito da qualidade do ar na propagação do vírus. 

"Vale ressaltar que, mesmo nos momentos em que houve recuo no número de pacientes internados, não se aproveitou a oportunidade para adequações para o enfrentamento das irregularidades associadas aos sistemas de renovação do ar, filtragem e exaustão", acrescentou Adriana. 

Segundo o MPT-PE, nos últimos 18 meses, foram fiscalizados 277 estabelecimentos de saúde, entre hospitais públicos, municipais e estaduais, e privados, além de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Durante as fiscalizações, notamos um baixíssimo grau de domínio no que diz respeito à qualidade do ar nos ambientes artificialmente climatizados, seja com ausência de renovação e de filtragens adequadas ou até mesmo com a não exaustão do ar de setores especiais, como áreas de isolamento, laboratório, refeitórios, quartos de repouso, entre vários outros", detalha a auditora fiscal e chefe do setor de Segurança e Saúde da SRTb/PE, Simone Holmes.
 

O MPT-PE ainda revelou dados sobre os trabalhadores que contraíram a doença. Segundo levantamento do órgão, no setor privado, foram identificados 99.082 trabalhadores formais - carteira assinada - que contraíram coronavírus até julho de 2021.

Com relação ao número de empresas, cerca de 30.103 empresas em Pernambuco tiveram ao menos um caso de Covid-19. O setor no qual houve mais registro de caso foi no "comércio varejista de produtos farmacêuticos, sem manipulação de fórmulas", que representa 9,73% do total de casos. Segundo o MPT, isso ocorreu devido à realização de testes rápidos por esse tipo de estabelecimento.    

Por outro lado, quando observada a ocupação, os enfermeiros foram os trabalhadores com maior índice de contração da doença no setor privado, chegando a uma taxa de 24,08% do total de casos. Em seguida, com 19,14%, os técnicos de enfermagem ocupam a segunda posição. 

Segundo o MPT-PE, foi realizada uma avaliação da qualidade do ar nas unidades de saúde. A qualidade do ar em ambientes climatizados artificialmente foram as irregularidades mais relevantes identificadas pelo órgão. 

“Estabelecimentos de saúde, nos quais se esperava maior rigor quanto ao cumprimento das regras sobre qualidade do ar, apresentavam situações de inconformidades generalizadas”, disse o MPT-PE durante coletiva onde apresentou dados sobre o assunto. 

O órgão concluiu que “não basta controlar a temperatura, há de se garantir renovação, filtragem e medição da qualidade do ar”.