Comerciantes relatam desespero durante incêndio em Itapissuma. Prefeitura pagará auxílio
Mercado do Artesanato do município foi interditado
O Mercado do Artesanato de Itapissuma, na Região Metropolitana do Recife, seguirá interditado após o incêndio que acometeu o equipamento cultural na última quarta-feira (13). Nesta quinta-feira (14), a equipe de reportagem da Folha de Pernambuco esteve no local e conversou com comerciantes do entorno que presenciaram desde o início e crescimento das chamas até a chegada do Corpo de Bombeiros.
Amaro Manoel da Silva, de 64 anos, feirante, almoçava com a esposa próximo ao pólo quando notou os primeiros indícios do fogo. “Estávamos eu e minha esposa almoçando e começou a chama do fogo. Começou bem fraquinha e depois ficou bem forte. E foi um desespero, era muita gente correndo”, contou.
O comerciante destacou que foram momentos de aflição tanto para quem também trabalha especificamente no espaço de artesanato, quanto para quem atua nos boxs adjacentes ao mercado: “Perderam tudo. Gente de dentro do mercado perdeu tudo. E de fora também. No desespero, saíram e quebraram freezer, arrebentaram porta, estragaram tudo, foi muito cruel”.
Vendedora de frutas e verduras, Silvanita Freitas, de 58 anos, trabalha em frente ao local. “Esse incêndio foi uma tristeza para as pessoas, visitantes, todo mundo. Porque isso aqui é uma tradição pessoal e eu não tenho nem palavras para descrever. Aqui é um ponto de muitas coisas boas para o pessoal. Fica difícil, agora que está fechado. A gente passa, olha, e é só aquela tristeza”.
A casa de Seu Valdir de Assis e Antônia Maria fica ao lado do imóvel que abriga o mercado, justamente em frente à janela lateral de onde se viram as primeiras chamas. “Eu moro há 70 anos nessa casa, já vendi muito peixe nesse mercado, minha vida sempre foi pescaria. O fogo começou ali mesmo, nessa janela”, disse o aposentado. “Nunca na minha vida eu vi uma coisa dessa, foi o maior desespero do mundo”, completou a esposa.
Servidor da Prefeitura de Itapissuma, o blogueiro José Aldo da Silva também esteve no local. “Tinham comentários no grupo [de aplicativo de mensagens] dizendo que havia fogo no Mercado de Artesanato, aí eu vim para cá. Quando eu cheguei aqui o fogo ainda estava iniciando e 20 minutos depois o fogo já havia crescido”, pontuou.
Lidiane Pereira, de 42 anos, é proprietária da Caldeirada da Lidiane, um dos restaurantes do polo gastronômico que funciona ao lado do mercado. Toda a área também precisou ser interditada e aguarda a conclusão do laudo técnico com ações de segurança, que, segundo a gestão municipal, deve ser concluído em até 15 dias. “Passamos dias de terror com o incêndio, mas graças a Deus, não fomos atingidos. Em breve devemos voltar com as nossas atividade”, frisou.
Plano de Ação da Prefeitura
A Prefeitura de Itapissuma divulgou, ontem, um plano de ações para minimizar os impactos que serão gerados após o incêndio. De acordo com o órgão, os artesãos poderão divulgar e vender suas peças gratuitamente no Shopping de Igarassu e também serão realizadas feiras itinerantes à medida que novos artigos sejam produzidos. Também será disponibilizado auxílio financeiro para os artesãos e comerciantes do pólo da caldeirada. Veja abaixo:
Auxílio Financeiro para artesãos
Artesãos que faziam exposição de suas peças no Mercado e estavam frequentemente dentro do mercado, como única fonte de renda: salário mínimo + ressarcimento do valor das peças perdidas e/ou avariadas.
Artesãos que apenas deixavam suas peças no Mercado: ressarcimento do valor das peças perdidas e/ou avariadas.
Auxílio Financeiro para comerciantes do polo gastronômico
Donos dos restaurantes do polo gastronômico: R$ 2.500,00 semanal
Funcionários da Caldeirada: R$ 200,00 semanal
Auxílio Financeiro para Ambulantes: R$ 200,00 semanal
Duração: o auxílio terá duração para os artesãos até que a reforma do Mercado do Artesanato seja concluída. Para os funcionários e donos de restaurantes na Caldeirada o auxílio irá durar até a conclusão do laudo técnico com as ações de segurança necessárias.
Documentação Necessária para solicitar o auxílio
A Secretaria Municipal de Turismo e o Conselho Municipal de Turismo afirmaram que irão realizar o cadastro das pessoas que trabalhavam na área da caldeirada. Para se cadastrar será preciso apresentar: CPF, RG e Comprovante de Residência.