Brumadinho se prepara para nova fase de buscas mil dias após tragédia
Rompimento da barragem da Vale ocorreu em 25 de janeiro de 2019
A tragédia causada pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, ocorrida em 25 de janeiro de 2019, completa mil dias nesta quinta-feira (21), enquanto segue a busca pelas oito vítimas ainda desaparecidas.
A procura deve adotar uma nova estratégia, com a instalação de cinco estações que farão a separação prévia do rejeito de minério a ser vistoriado, a partir de sua granulometria.
"Utilizando uma tecnologia de peneiras vibratórias e esteiras rolantes, a gente consegue fazer uma pré-separação conforme o tamanho das partículas. Assim, o militar consegue fazer a vistoria dessas partículas maiores de uma forma mais assertiva e muito mais rápida", afirma o tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros.
A separação pela granulometria otimiza o processo, pois elimina as partículas mais finas, deixando apenas o objeto de interesse dos vistoriadores. Entre as partículas maiores podem ser encontrados restos de corpos, que são encaminhados para análise e identificação no IML.
Segundo os bombeiros, a operação trabalha na análise de 11 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério. Até o momento, 4 milhões já foram vistoriados.
As máquinas funcionam 24 horas por dia. Durante o dia, duas pessoas são responsáveis por analisar o material que, após peneirado, passa por esteiras rolantes. À noite, o equipamento continua fazendo a separação das partículas a serem observadas no dia seguinte.
Apenas uma das estações de busca está em funcionamento até o momento. A segunda deve entrar em operação no início de novembro e as outras três no começo de 2022. "Para o funcionamento delas são necessários vários equipamentos específicos que são importados, principalmente da Finlândia", diz o tenente Aihara.
Segundo o Corpo de Bombeiros, esta é a maior operação de busca da história do país. Ao longo dos mil dias, 4.142 pessoas estiveram envolvidas na operação. Desde o desastre, 262 vítimas já foram localizadas. As atividades não têm previsão de término.
Os familiares das oito pessoas ainda desaparecidas acompanham de perto o trabalho dos bombeiros.
"Infelizmente, eles não estão mais vivos, então o que todo familiar quer é ter o encontro de sua joia, do seu ente querido, para fazer um sepultamento digno", diz Alexandra Andrade, presidente da Avabrum (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão).
Na última segunda (18), o governo de Minas Gerais apresentou detalhes sobre a consulta popular que será realizada com os atingidos pela tragédia em Brumadinho. A ideia é que o procedimento ajude a definir como será usado parte dos recursos do acordo firmado com a Vale.
A consulta acontecerá de 5 e 12 de novembro, por meio de um aplicativo para celular e de pontos físicos localizados nas cidades participantes. Serão consultados os moradores de Brumadinho e de outros 25 municípios atingidos pelo rompimento da barragem.
O acordo, de mais de R$ 37 bilhões, prevê um investimento direto de R$ 2,5 bilhões nos municípios da Bacia do Paraopeba que foram atingidos e de R$ 1,5 bilhão em Brumadinho, totalizando R$ 4 bilhões. A consulta pública definirá o destino de R$ 3,4 bilhões.
Além de Brumadinho, as 25 cidades consideradas atingidas são: Abaeté, Betim, Biquinhas, Caetanópolis, Curvelo, Esmeraldas, Felixlândia, Florestal, Fortuna de Minas, Igarapé, Juatuba, Maravilhas, Mário Campos, Mateus Leme, Morada Nova de Minas, Paineiras, Papagaios, Pará de Minas, Paraopeba, Pequi, Pompéu, São Gonçalo do Abaeté, São Joaquim de Bicas, São José da Varginha e Três Marias.