Caruaru reduz prazo da 2ª dose da Pfizer para 21 dias; Estado diz que debaterá decisão do município
Gestão municipal defende que a antecipação é segura e esse intervalo de 21 dias 'é o indicado pela bula do imunizante'
Desde a última terça-feira (19), a cidade de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, reduziu o intervalo da aplicação da segunda dose da vacina contra Covid-19 da Pfizer de 60 para 21 dias.
A decisão, porém, ainda não recebeu o aval do Governo do Estado.
Em nota enviada à reportagem, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou que a decisão tomada pelo município será discutida em reunião do Comitê Técnico Estadual para Acompanhamento da Vacinação marcada para esta quinta-feira (21).
Para justificar a redução, a Prefeitura de Caruaru informou que realiza estratégias para alcançar a meta de cobertura vacinal de 90% - atualmente, mais de 60% da população da cidade já tomou as duas doses ou o imunizante de dose única.
A gestão municipal defende que a antecipação é segura e esse intervalo de 21 dias "é o indicado pela bula do imunizante".
"Vamos usar as doses que estão em estoque. Por isso, a ação tem quantidade de doses limitadas. Com isso, fica sujeita à disponibilização de mais doses da vacina pelo Ministério da Saúde", disse a secretária de Saúde de Caruaru, Bárbara Florêncio.
Já a SES-PE salienta que a pactuação vigente é do intervalo mínimo de 60 dias e que as distribuições para os municípios são feitas com base nesse prazo.
A pasta acrescenta que todas as medidas tomadas fora daquilo que está acertado na Comissão Intergestora Bipartite (CIB) "são de inteira responsabilidade dos gestores municipais".
"Segundo estudos já publicados, a manutenção do intervalo entre as doses do imunizante, a partir dos 60 dias, resulta em melhor resposta imune", informou a SES-PE.
Estudos
Estudos divulgados recentemente indicam que a vacina da Pfizer funciona melhor com intervalo de 8 semanas do que de 21 dias.
Na última segunda (18), estudo publicado no formato pré-print (ainda sem avaliação por pares, portanto) apontou que o intervalo usado tradicionalmente pela farmacêutica - e estipulado no ensaio clínico - de 21 dias resultou em uma perda de até 99% dos anticorpos anti-Sars-CoV-2 em circulação no corpo oito meses após a segunda dose. Já um intervalo maior entre as doses pode reduzir essa queda, diminuindo a necessidade de uma dose de reforço.
Um outro artigo recente publicado no periódico BMJ (British Medical Journal) apontou que o nível de anticorpos neutralizantes no sangue - capazes de bloquear a entrada do vírus no organismo - é cerca de 2,3 vezes maior se as duas doses são dadas em um intervalo de pelo menos 6 a 14 semanas em comparação a um intervalo de 3 a 4 semanas.