Operação Loki: ex-PM era líder de bando que usou pontos eletrônicos para fraudar concurso público
Ao todo, foram cumpridos 12 mandados de prisão preventiva e 83 de busca e apreensão
A organização criminosa desarticulada pela Operação Loki, deflagrada pela Polícia Civil de Alagoas, nessa quinta-feira (21), usou pontos eletrônicos e mensagens para celulares para fraudar um concurso público da Polícia Militar daquele estado, ocorrido em agosto deste ano.
Um dos presos pela ação, na Paraíba, é o líder do bando, um policial militar de Alagoas, que deserdou da corporação em 2019. A investigação apura se os membros da quadrilha fraudaram outros concursos.
Os detalhes da Loki foram apresentados em coletiva de imprensa em Maceió. Segundo a corporação, a ação contou com apoio das Polícias Civis de Pernambuco, Sergipe e Paraíba, estados onde também foram cumpridos mandados.
"O modus operandi da organização criminosa era ponto eletrônico e repasse de SMS para aparelhos selecionados”, destacou o delegado Gustavo Xavier, na coletiva.
Ao todo, foram cumpridos 12 mandados de prisão preventiva, incluindo um dos líderes do esquema, o ex-policial militar de Alagoas que foi preso na Paraíba. Duas pessoas foram autuadas em flagrante por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo.
Nesta primeira fase, a Operação Loki teve 83 mandados de busca cumpridos. Foram apreendidos 70 aparelhos celulares, 18 notebooks, seis computadores, três pontos eletrônicos, 11 relógios digitais e R$ 129 mil.
Todo o material será analisado de forma minuciosa pela Polícia Civil de Alagoas. A corporação não informou o detalhamento de mandados cumpridos por estado.
Investigações
De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Civil de Alagoas, as investigações foram iniciadas após série de denúncias de fraude envolvendo o concurso público da Polícia Militar de Alagoas cuja prova ocorreu em 15 de agosto.
No total, o certame recebeu mais de 67 mil inscritos, que concorrem a 1.060 vagas, sendo 1.000 para soldado combatente e 60 para oficial.
Em 10 de setembro, um homem foi preso, em Maceió, por desacato após ter sido denunciado por vizinhos por perturbação do sossego. Ele comemorava a aprovação no concurso, que teve o resultado divulgado no mesmo dia.
De acordo com o portal TNH1, ele tinha sete prisões na ficha criminal e, apesar de ter cursado até a 4ª série do Ensino Fundamental, acertou 100 das 120 questões da prova.
Uma outra denúncia diz que cerca de 150 pessoas da cidade alagoana de União dos Palmares teriam comprado o gabarito da prova. As respostas corretas da prova teriam sido clonadas.
A partir dessas queixas, foi aberta uma comissão de delegados para aprofundar as investigações, e as demais fases do concurso da PMAL foram suspensas pela Justiça desde 15 de setembro.
O delegado-geral da Polícia Civil de Alagoas, Carlos Reis, disse também que a orientação do secretário de Segurança Pública, Alfredo Gaspar, e do governador Renan Filho foi de que fosse feita uma investigação profunda sobre possíveis evidências de fraude no concurso.
O inquérito segue em andamento e o material apreendido será usado para subsidiar a continuidade das investigações.
Governo de Alagoas acompanha investigação
Por meio de nota, o Governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag), informou que "está acompanhando as operações" e "que dará um posicionamento sobre o andamento do certame com base no relatório final das investigações".
"O governo reforça que está atento às tratativas relacionadas ao concurso e que é o maior interessado em assegurar a sua lisura, bem como em garantir que o melhor quadro de candidatos seja, de fato, selecionado para apoiar o desenvolvimento do Estado de Alagoas", diz o comunicado.
Quem é Loki
Na mitologia nórdica, Loki é o deus do fogo, da trapaça e da travessura, além de estar relacionado à magia por poder assumir a forma que quiser.
A figura de Loki ainda está associada à maldade, traição e pouca confiança.