O Stonehenge: a maravilha do mundo na Pré-História
Erguido na Planície de Salisbury, sul da Inglaterra, a partir de 3.100 a.C., o monumento de Stonehenge ainda guarda inúmeros mistérios. Mesmo com algumas centenas de pesquisas realizadas no local entre historiadores e arqueólogos, ainda não foram suficientes para desvendarem todas as suas finalidades.
Algumas escrituras revelam que a sua construção teria sido realizada por antigos agricultores vindos de uma área central da Turquia por volta de 4.000 a. C., outras afirmam que teriam trazidas de Gales, a 300 km de distância, as gigantescas pedras. Erigido no período Neolítico (3.100 a.C.), o monumento foi construído para os ancestrais, para abrigar os espíritos dos mortos, portanto, era um local considerado sagrado. Em seu entorno, através de escavações arqueológicas, foram encontradas dezenas de valas contendo inúmeras ossadas humanas e de animais sacrificados.
Conforme o arqueólogo Andrew Lawson, da Associação Arqueológica de Wessex, na Bretanha, "no ano de 2.600a. C., enormes pedras retangulares foram trazidas das montanhas Preseli, situadas a cerca de 217 km dali", formando círculos concêntricos, com 5 a 7 metros de altura e pesando quase cinquenta toneladas.
Eram estruturas megalíticas, numerosos dólmens cravados verticalmente, com cerca de 97 metros de diâmetro, que teriam sido construídos em três momentos distintos: 1. Cerca de 3.100 a.C., com uma única entrada e estes numerosos dólmens cravados, em uma vala circular e, no centro, ergueu-se uma espécie de banco de pedra, utilizado, certamente, para os sacrifícios. No seu perímetro, as escavações revelaram inúmeras ossadas humanas. O círculo já encontrava-se alinhado com o pôr do sol do último dia de inverno, e com as fases da lua; 2. Cerca de 2.150 a.C., executa-se a ampliação da entrada, uma avenida com dólmens alinhados com o sol nascente do primeiro dia de verão e mais um círculo externo; 3. Cerca de 2.075 a.C., pedras de grandes dimensões (megalíticas) foram erguidas com mais de 5 metros de altura e pesando algo em torno de 35 toneladas e alguns outros dólmens erguidos em um círculo interno.
Uma nova pesquisa realizada pela Open University, da Inglaterra, revelou que as pedras que compõem o círculo interno do Stonehege de até 25 metros de comprimento e cerca de 4 toneladas de peso, já estavam fincadas há muito tempo, antes da construção, assim como as pedras de arenito que compõem os círculos internos. Estas revelações foram atribuídas ao geoquímico Richard Thorpe, o qual encontrou uma pedra no sítio arqueológico de Salisbury com as mesmas características daquelas que compõem o monumento.
Afirmou Thorpe que, "mesmo que elas tenham sido transportadas desde Gales, esse trabalho heróico não foi obra de construtores pré-históricos, e sim, de uma geleira que veio empurrando as pedras até Salisbury, durante uma glaciação ocorrida há 450.000 anos".
Controvérsias, polêmicas ou afirmativas contudentes, o fato é que Stonehege continua fascinante. Notícias londrinas nos revelam que o monumento será alvo de nova restauração, sob os cuidados da English Heritage, o patrimônio histórico de Londres, órgão responsável pela conservação e restauração dos monumentos do País.
Exemplos dessa magnitude deveriam ser analisados, estudados e seguidos, ou, pelo menos, serem do conhecimento dos nossos órgãos de cultura do país, do estado e do município. Mas, o Brasil caminha a passos largos, há muito tempo, para uma atrofia cultural desmoralizante, obscura e irresponsável. Com raríssimas exceções, os nossos monumentos, muitos deles, agonizam, imploram por socorro para serem restaurados e devolverem à população o fascínio de obra notável, gigantesca erigida em um tempo histórico, um legado às nossas futuras gerações.
*Arquiteto, membro do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano, membro do CEHM e Professor Titular da UFPE
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