EUA avalia autorizar vacina anticovid da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos
Se os especialistas, convocados pela Administração de Alimentos e Medicamentos, votarem a favor, a autorização emergencial entrará em vigor em algumas semanas
Um painel médico de especialistas formado por assessores do governo dos Estados Unidos se reunirá nesta terça-feira (26) para decidir se autoriza a vacina contra a Covid-19 da Pfizer para crianças de entre cinco e onze anos.
Se os especialistas independentes convocados pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) votarem a favor, como é de se esperar, a autorização emergencial entrará em vigor em algumas semanas. Sendo assim, as 28 milhões de crianças dessa faixa etária começarão a ser vacinadas em novembro.
O grupo deve decidir com base nas evidências científicas disponíveis se os benefícios da vacina de duas doses, administradas com três semanas de diferença, superam os riscos conhecidos.
Antes da reunião, a FDA compartilhou um estudo da Pfizer que mostra que a vacina, com doses de 10 microgramas em vez dos 30 microgamas aplicados nos grupos de mais idade, tem uma eficácia de 90,7% para prevenir a Covid-19 sintomática e não apresentava problemas de segurança graves.
A FDA também publicou seu próprio documento informativo com uma análise dos riscos e benefícios. Os cientistas do organismo indicaram que os benefícios superam o eventual pior efeito colateral para essa faixa etária: a miocardite, ou inflamação do coração.
"Minha opinião inicial é que os benefícios de vacinar as crianças de cinco a onze anos superam os riscos de miocardite e outras preocupações de segurança que as pessoas possam ter", disse à AFP Henry Bernstein, pediatra do Centro Médico Infantil Cohen de Nova York.
No total, 160 crianças de entre 5 e 11 anos morreram de Covid-19 nos Estados Unidos, segundo dados oficiais.
Também foram registrados mais de 5 mil casos de síndrome inflamatória multissistêmica em crianças (MIS-C), uma complicação pós-viral rara, mas muito grave, que cobrou 46 vidas.
"É óbvio que queremos proteger as crianças, mas também queremos que não transmitam o vírus do SRAS-CoV-2 aos membros de sua família e outras pessoas da comunidade", disse Bernstein.
A Pfizer avaliou os dados de segurança de cerca de 3 mil voluntários. Os efeitos colaterais mais comuns da vacina foram leves ou moderados, como dor no local da injeção, fadiga, dor de cabeça, dor muscular e calafrios.
Não houve casos de miocardite ou pericardite (inflamação ao redor do coração). A empresa reiterou, porém, que não havia voluntários suficientes para poder detectar efeitos colaterais muito raros.
Os casos muito raros de miocardite foram detectados apenas em adolescentes, depois que a vacina foi autorizada em junho e está sendo administrada em milhões de pessoas dessa faixa etária.
Os cientistas acreditam que essa condição seja ainda mais rara entre as crianças mais novas, mas só saberão com certeza se for autorizada.
A FDA admitiu que, hipoteticamente falando, se a transmissão de Covid-19 cair drasticamente, o número de casos de miocardite provocados pela vacina será maior que o de hospitalizações por Covid-19 evitadas.
Ainda assim, os benefícios continuarão superando os riscos, já que os casos de Covid-19 que não geram hospitalização podem ter consequências mais graves a longo prazo do que os efeitos colaterais da vacina, que geralmente são temporários.