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Segunda temporada de 'Sintonia' foca no amadurecimento dos protagonistas

Novos episódios da série estreiam na Netflix nesta quarta-feira (27)

"Sintonia" estreia segunda temporada na Netflix - Divulgação

“Sintonia” estreou na Netflix, em 2019, impulsionada pelo nome do produtor Konrad Dantas (o KondZilla), dono do maior canal do YouTube na América Latina e criador da série. A história de Nando (Cristian Malheiros), Rita (Bruna Mascarenhas) e Doni (Jottapê), no entanto, ganhou força própria e repercutiu o suficiente para garantir uma segunda temporada da produção, disponibilizada pela plataforma de streaming a partir desta quarta-feira (27).

Ambientada na fictícia favela de Vila Áurea, na cidade de São Paulo, a trama aborda as vivências da juventude periférica brasileira, focando na sua relação com o funk, o crime e a religião. “Não é só a série do Nando, da Rita e do Doni. Acho que é desse contexto de periferia em si. A gente está aqui retratando a vida de muita gente. Não é só mais do Kondzilla, que é o idealizador e diretor do projeto. São vidas que a gente está aqui representando, não apenas uma empresa. Então, acho que é um lance mais profundo”, apontou Jottapê durante um bate-papo virtual realizado entre o elenco e a imprensa.

Entre o funk e o tráfico

Enquanto a primeira temporada de “Sintonia” apresentava os protagonistas e suas lutas individuais, a nova leva de episódios revela o amadurecimento do trio. Doni vê sua carreira como MC deslanchar e assina contrato com uma grande gravadora de funk. Nando está cada vez mais envolvido no crime e se tornou um dos líderes do tráfico local. Já Rita, após abraçar de vez a fé evangélica, tenta seguir firme no caminho que ela escolheu.


Apesar de suas vidas terem tomado rumos completamente diferentes, os três não perderam a união. Ao menor sinal de problema, os companheiros surgem para fornecer apoio e proteção. “Essa não é a família em que eles nasceram. São as pessoas que eles escolheram para chamar de família. Então, tem um valor simbólico muito maior do que os laços de sangue”, defende Cristian.

Participações de peso

Com a evolução dos personagens, surgem também novos problemas para lidar. Doni, que deixa a comunidade onde nasceu para morar sozinho em um apartamento, começa a perceber que a fama também cobra seu preço. Alguns artistas do meio musical fazem participações ao longo dos episódios, como MC Kevinho, Mila, Tainá Costa e DJ Alok, além do apresentador Celso Portiolli.

Bruna Mascarenhas lembra que o processo para a primeira temporada precisou ser muito acelerado, já que ela ganhou papel faltando apenas três semanas para o início das gravações. Desta vez, o tempo de preparação foi muito maior, o que permitiu um aprofundamento. Seu laboratório envolveu trocas com o irmão, que é evangélico, e leituras da “Bíblia”. “Isso me deu um lugar de empatia muito maior do que na primeira temporada”, aponta a atriz, que vê a fé como algo que fortalece a personagem. “O grande lance da Rita é que ela quer pertencer a algum lugar e a igreja também acaba sendo essa oportunidade”, conta.

Periferia é ponta do iceberg

Fora da série, Cristian Malheiros vem trilhando uma carreira de sucesso em outras produções, como “Sessão de Terapia”, “Sócrates” e o filme “7 Prisioneiros”, em que ele atua ao lado de Rodrigo Santoro e que estreia na Netflix em novembro. Segundo o ator, o reconhecimento do seu trabalho só aumenta o sentimento de responsabilidade ao representar histórias tão conectadas à realidade. No caso de Nando, sua missão é desmistificar um personagem socialmente estigmatizado.

“‘Sintonia’ traz uma reflexão sobre o que faz essas pessoas entrarem no crime. A periferia, na verdade, é só a ponta do iceberg. Mas voltando lá atrás a gente está falando de desigualdade social e da herança de um Brasil colonial. Então, são muitas questões envolvidas que fazem com que a gente retrate essa realidade da melhor forma possível”, pontua o ator.