Wikileaks

EUA fazem nova tentativa na justiça britânica de obter a extradição de Julian Assange

Em seu recurso, Washington questiona a confiabilidade de um especialista que testemunhou a favor de Assange sobre a fragilidade de sua saúde mental atual

Julian Assange, fundador do Wikileaks - Daniel Leal-Olivas / AFP

Após uma primeira tentativa fracassada, o governo dos Estados Unidos volta à carga nesta quarta-feira (27) na justiça britânica para tentar obter a extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, demandado por Washington pelo vazamento em massa de documentos confidenciais.

Depois de passar sete anos na embaixada do Equador em Londres e dois anos e meio na penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, o australiano de 50 anos, considerado por seus simpatizantes uma vítima de ataques contra a liberdade de expressão, deu um grande passo para sua liberdade em janeiro. 
 

A juíza britânica Vanessa Baraitser rejeitou na ocasião o pedido de extradição de Washington, alegando que existia a risco de Assange cometer suicídio. Nos Estados Unidos, ele pode enfrentar uma pena de 175 anos de prisão. .

Em seu recurso, Washington questiona a confiabilidade de um especialista que testemunhou a favor de Assange sobre a fragilidade de sua saúde mental atual.

De fato, o psiquiatra Michael Kopelman reconheceu que enganou a Justiça ao "ocultar" o fato de que seu cliente se tornou pai durante seu confinamento na embaixada do Equador em Londres.

Esta apelação, que vai durar dois dias, é um dos últimos recursos de Washington. Se fracassar, restará apenas a Suprema Corte britânica.

Em caso de vitória, não será o fim de caso, que seguirá para outro tribunal que deverá julgar o mérito.

Assange, que conta com o apoio de várias organizações de defesa da liberdade de imprensa, é procurado pelos Estados Unidos por espionagem, após a publicação de cerca de 700.000 documentos militares e diplomáticos confidenciais.

Ele foi detido pela polícia britânica em abril de 2019, depois de passar sete anos na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou quando estava em liberdade sob fiança. Ele temia a extradição para os Estados Unidos, ou para a Suécia, cuja Justiça denunciou-o por estupro. Desde então, estas acusações foram retiradas. 

Depois de visitá-lo no sábado, sua companheira, Stella Moris, disse que ele se encontra "muito mal".

"Julian não sobreviveria a uma extradição. Essa é a conclusão da magistrada", continuou Moris, considerando "aterrorizante" a possibilidade de se reverter a decisão de não extradição.