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Turnê "Violivoz" estreia no Recife e sela parceria entre Geraldo Azevedo e Chico César

Pernambuco e Paraíba se entrelaçam musicalmente no palco do Teatro Guararapes nesta sexta-feira (29)

Chico César e Geraldo Azevedo - Divulgação

Tão logo Geraldo Azevedo confessou que "quando viu Chico dançou, o olho brilhou e ele entendeu” – em tom quase musicado, para enfatizar trecho da letra de “À Primeira Vista” (1995) – o autor da canção, o paraibano Chico César, caiu no riso. De pronto, o cantor e compositor pernambucano complementou sobre o quanto tem sido fácil o trabalho entre eles já que, em comum, ambos compactuam de musicalidades parecidas e admiração mútua. E assim correram fluidas as respostas para a Folha de Pernambuco sobre “Violivoz”, projeto assinado por ambos, com estreia hoje no Recife, às 21h no Teatro Guararapes, para depois pairar em palcos Nordeste e País afora após adiamento em 2020 por causa da Covid-19.

A apresentação sela uma parceria que carrega a legitimidade do sotaque nordestino em violão e voz, culminando em um dos enlaces mais aconchegantes da música brasileira. “Esse projeto fez com que a gente conhecesse a música do outro mais profundamente”, comentou Geraldo.  

Música feita de mergulhos

Com repertório que mescla canções de ambos e composições inéditas assinadas em parceria, o show arremata a cumplicidade musical entre Pernambuco e Paraíba e, especificamente, entre Geraldo Azevedo e Chico César. “Pensamos fazer a parte de um e depois do outro, mas depois fomos nos integrando tanto que vamos ficar os dois no palco. Eu sou músico de Chico e ele é meu músico, interferimos na música um do outro, e isso tem se tornado tudo muito grandioso, inclusive com as inéditas que vamos lançar no show”, contou Geraldo. 

Sobre essa intersecção, Chico reforça o quanto natural pode ser a confluência na música, exemplificando com dois clássicos do repertório de ambos.“‘Pensar em Você’ saiu de dentro de ‘Dia Branco’, de certa forma. O tom, a temática... o universo das canções populares lembra as matrioskas, as bonecas russas que saem uma de dentro da outra, e outra de dentro da outra e assim vai. Criamos diálogos às vezes impensáveis nas canções, mas que fluem realmente”.

Chico César e Geraldo Azevedo Foto: Divulgação

Futuros parceiros

Seguindo ao ‘toma lá, dá cá’ de afetividades entre os dois, foi com o disco “Aos Vivos” (1995) de Chico César que o encantamento entre os artistas deu sinais de que seria longínquo. “Quando saí com o álbum, Geraldo ficou sabendo e comprou duas caixas”, lembrou Chico. “Fiquei muito encantado, me impressionou o quanto o trabalho era muito mais amplo do que o que eu tinha feito tempos atrás, também com um ao vivo. Fui divulgador, distribuí no Brasil e na Europa”, respondeu o músico pernambucano. Mas ficou a cargo do compositor paraibano Carlos Bezerra, o Totonho (Totonho e os Cabra), apresentar os futuros parceiros. “Eu o conheci antes de conhecê-lo, na verdade. Carlos levou canções de Chico e quando ouvi, pedi que trouxesse o autor para gravar comigo, porque era um violão diferente”.

Parceria potente

Geraldo Azevedo e Chico César em “Violivoz” passam a integrar um rol necessário da música brasileira, que vai além da “mera” parceria musical. Depois do show no Recife, é o Brasil que vai ser atravessado pela cantoria dos dois e, consequentemente, pela robustez do trabalho dos artistas nordestinos – que faz tempo, são celebrados em todo o País. “O Nordeste é nossa base onde começamos a construir vidas e carreiras. Lançar a turnê no Recife, farol da Região, tem um significado especial”, entrega Chico. “A gente não sabe até onde vai, como vai...Só sei que a gente gosta cada vez mais de tocar um com o outro. Na pandemia fiquei o tempo cozinhando sonhos, que agora estão bem amadurecidos”, conclui Geraldo.

SERVIÇO
Geraldo Azevedo e Chico César em “Violivoz”, hoje às 21h, no Teatro Guararapes
Ingressos a partir de R$ 70 (na bilheteria ou no Eventim) – bilhetes adquiridos para o show em 2020 seguem válidos