Vacina brasileira

ButanVac tem alta resposta imunológica e combate variantes alfa, beta e gama, mostram estudos

Estudos com a variante delta estão em fase adiantada, segundo o Butantan

ButanVac, candidata nacional à vacina contra a Covid-19 - Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

A candidata à vacina contra a Covid-19 ButanVac, produzida pelo Instituto Butantan, apresentou alta resposta imunogênica e capacidade de produção potente de anticorpos neutralizantes segundo resultados de estudos pré-clínicos.

O possível imunizante também mostrou eficácia contra as variantes alfa, beta e gama do Sars-CoV-2, vírus causador da doença. 

Os estudos com a variante delta, que ainda não havia surgido quando do início dos estudos com animais, estão em fase adiantada, segundo o instituto.

Os resultados foram informados pelo Butantan, nessa quinta-feira (28), após a publicação na revista Nature Communications, feita na quarta-feira (27). 

A pesquisa descreve os resultados finais do trabalho do consórcio internacional responsável pelo desenvolvimento da tecnologia do imunizante (chamado internacionalmente de NDV-HXP-S), enquanto avançam no Brasil, na Tailândia, no Vietnã e no México os estudos clínicos em humanos do imunizante. 

“Embora os ensaios com humanos estejam em andamento (na versão inativada no Brasil, Tailândia e Vietnã, e na versão intranasal no México), demonstramos aqui a versatilidade da vacina em estudos pré-clínicos utilizando camundongos e hamsters, destacando sua eficácia como vacina viva ou inativada”, apontam os pesquisadores no artigo.

“Foi observado que camundongos e hamsters vacinados com a NDV-HXP-S desenvolveram fortes respostas de anticorpos que não apenas neutralizaram o coronavírus Sars-CoV-2, mas também neutralizaram as variantes de preocupação", acrescenta o texto.

No artigo, os pesquisadores descrevem a avaliação exaustiva da imunogenicidade e da eficácia protetora da vacina feita em camundongos e hamsters.

Foram analisadas duas versões do imunizante: a primeira, que será produzida no Butantan, é feita com vírus inativados para administração intramuscular, nos mesmos moldes da vacina da gripe; a segunda versão utiliza vírus vivos, e sua aplicação é via intranasal - a que está sendo testada no México.

ButanVac
A tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor é o da doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Daí vem o nome internacional da ButanVac, NDV-HXP-S (Newcastle disease virus - HexaPro - Spike).

A tecnologia do imunizante foi desenvolvida por cientistas da Icahn School of Medicine do Hospital Mount Sinai, enquanto a proteína S (Spike) estabilizada do Sars-CoV-2 utilizada na vacina com tecnologia HexaPro foi desenvolvida na Universidade do Texas, em Austin nos Estados Unidos.

A ButanVac será produzida totalmente em solo brasileiro a partir da inoculação do vetor viral em ovos embrionados de galinhas – mesma tecnologia da vacina contra a influenza (gripe).

Além de ser barata e muito disseminada, essa técnica é uma especialidade do Butantan: o instituto produz anualmente 80 milhões de vacinas da gripe usando ovos.