Biden fala com papa Francisco sobre clima, pandemia e migração
Foi uma das reuniões mais longas que o papa já teve com um presidente americano
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, teve uma reunião de 90 minutos com o papa Francisco nesta sexta-feira (29), no Vaticano, durante a qual falaram sobre pobreza, mudança climática, pandemia e migração, em um encontro antes da cúpula do G20 em Roma.
Foi uma das reuniões mais longas que o papa já teve com um presidente americano, com o qual compartilha posicionamentos sobre a defesa do meio ambiente e o combate ao coronavírus.
"Em suas conversas cordiais, eles falaram do compromisso comum de proteger e cuidar do planeta, da situação sanitária e do combate à pandemia de Covid-19, assim como da questão dos refugiados e da assistência aos migrantes", disse o Vaticano em nota.
"O presidente Biden agradeceu à Sua Santidade pela defesa dos pobres do mundo e dos que passam fome, sofrem conflitos e perseguição. Elogiou a liderança do papa Francisco na luta contra a mudança climática, assim como sua defesa para garantir que a pandemia termine para todos por meio da troca de vacinas e de uma recuperação econômica global igualitária", resumiu também a Casa Branca em nota.
A reunião - particularmente longa, já que com Barack Obama durou 52 minutos, e com Donald Trump, 30 minutos - foi o primeiro encontro de Biden em sua agenda apertada, devido à cúpula do G20 de dois dias na capital italiana e à conferência das Nações Unidas sobre a mudança climática COP26 em Glasgow (Reino Unido).
Biden, que se reuniu três vezes como vice-presidente com o papa, chegou acompanhado por uma delegação de aproximadamente dez pessoas, entre elas sua esposa, Jill.
"Muito obrigado. É bom estar de volta", disse Biden a um dos funcionários do Vaticano e, depois, brincou com outro funcionário que falava com sua esposa: "Sou o marido de Jill", acrescentou.
Seguindo a tradição, a reunião ocorreu a portas fechadas na biblioteca privada do papa no palácio apostólico e foi organizada na véspera da cúpula de sábado e domingo, em Roma, com os chefes de Estado e de Governo das 20 maiores economias do mundo.
No fim da reunião, os dois trocaram presentes conforme previsto pelo protocolo. Biden presenteou o papa com uma casula feita em 1930, enquanto Francisco entregou-lhe uma pintura em azulejo de cerâmica e uma edição especial de seus escritos e documentos.
Nenhuma das duas notas oficiais sobre a reunião mencionou a questão sensível do aborto.
"Também falaram da proteção dos direitos humanos, incluindo o direito à liberdade de religião e de consciência", informou o Vaticano.
Na segunda-feira, o presidente americano se desloca para Glasgow (Reino Unido) para participar da importante cúpula climática das Nações Unidas COP26.
Depois do encontro com o papa, Joe Biden se reúne com o chefe do governo italiano, Mario Draghi, anfitrião da cúpula do G20 e ex-presidente do Banco Central Europeu. Draghi desperta muita curiosidade nos Estados Unidos por seus projetos de reforma.
Para Biden, que perdeu popularidade desde sua eleição, o G20, assim como a grande cúpula da COP26 em Glasgow, na Escócia, são oportunidades para relançar sua imagem e enterrar definitivamente a era Trump.
Também nesta sexta-feira, ele se reunirá em particular, em Roma, com o presidente francês, Emmanuel Macron, na tentativa de virar a página da grave crise relacionada com os contratos de submarinos ocorrida em meados de setembro e selar a reconciliação.
Esse assunto e a retirada caótica do Afeganistão pesam na aura de Biden, que repete que "a América está de volta" à cena internacional.