Pernambucanos relatam dificuldades e desorganização nos Jogos Escolares Brasileiros
Evento é voltado para adolescentes de 12 a 14 anos; Foram registradas filas para alimentação e credenciamento, além de problemas com hospedagem
Teve início nesta semana os Jogos Escolares Brasileiros (JEBS), para atletas de 12 a 14 anos, no Rio de Janeiro. O evento é organizado pela Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE), junto à Secretaria Especial do Esporte, do Ministério da Cidadania. Mais de 6 mil pessoas de delegações dos 27 estados brasileiros chegaram ao Rio na quarta-feira (27), mas vem sofrendo com a desorganização que tem tomado conta do evento, com filas enormes para alimentação e credenciamento, além de dificuldades para confirmar hospedagem. Alguns chegaram a passar a noite no aeroporto Santos Dumont.
Em entrevista à Folha de Pernambuco, o secretário executivo de esportes do Estado, Diego Pérez, que acompanha a delegação pernambucana nos JEBS, relatou os problemas que vem ocorrendo durante os Jogos.
Para o secretário, o que vem acontecendo no Parque Olímpico é a "maior desorganização já vista no esporte no país", relatando os problemas constantes, desde a chegada da delegação, enfrentando filas para alimentação, credenciamento e dificuldades para hospedagem, antes garantidas pela organização do evento.
"Há três dias, todas as delegações do Brasil sofrem com constantes atrasos, filas de duas horas, no mínimo, para alimentação. Horas para credenciamento e dificuldades para hospedagem, quando tudo antes aparecia como confirmado. É a maior desorganização já vista no esporte no país, em competições", disse.
De acordo com o jornalista Demétrio Vecchioli, do UOL, o jantar oferecido na noite da quinta-feira (28) foi macarrão com salsicha.
Nas redes sociais, membros de delegações publicaram vídeos onde mostram a fila para a alimentação dos atletas, que contorna uma das instalações do Parque Olímpico.
O secretário também destacou o efeito que esses problemas podem trazer às crianças que estão participando da competição. De acordo com Diego Pérez, as consequências imediatas podem vir na parte física, pela espera de horas para conseguir se alimentar, mas problemas de ordem mental e psicológica também podem surgir, acarretando até traumas, por se tratar de uma primeira experiência de competição para muitos jovens.
"De imediato, isso mexe com a capacidade física desses atletas, que tem que esperar horas, ficam sem se alimentar por horas. Mentalmente e fisicamente, todos os atletas ficam debilitados. Isso atinge o potencial técnico de todos eles. Mas há um ponto ainda mais relevante: são crianças de 12 a 14 anos, é uma primeira experiência para muitos deles em uma competição nacional. O que era um grande sonho, pode se tornar uma grande frustração. Isso mexe muito com o psicológico e com a autoestima dessas crianças, que podem ficar traumatizadas com uma experiência tão negativa, podendo até se afastar do esporte", comentou.
Diego destacou que ele e outros secretários vêm fazendo contato com a CBDE, mas ainda sem soluções propostas pela entidade.
"Tenho falado constantemente com a CBDE e me posicionado de maneira bastante crítica, para que eles possam resolver não só a situação de Pernambuco, mas também as delegações do Brasil todo. Vários secretários também estão criticando muito e buscando soluções".
O secretário seguiu, destacando que esta sexta tem sido o pior dia desde a chegada da delegação, na quarta. De acordo com relatos, as filas chegam a três horas de duração para almoço.
"Estão tentando melhorar na loucura. Mas nesse momento é o maior caos dos últimos três dias. Não planejaram como deveriam. Não construíram cenários futuros, não fizeram o básico de gestão para uma competição desse porte. "Um ano preparando isso, várias reuniões, muita divulgação, muita festa, muito oba-oba e pouquíssima gestão".
A reportagem da Folha de Pernambuco tentou contato com o presidente da CBDE, o ex-árbitro Antônio Hora Filho, mas não obteve retorno até o momento da publicação.