Pandemia

Gestão da pandemia deixa uma série de governantes investigados

Em todo o mundo, chefes de Estado estão sendo investigados por suas condutas diante da pandemia do novo coronavírus

Ilustração do novo coronavírus - Unsplash/Reprodução

Líderes políticos de todo o mundo estão sendo investigados para saber se a a gestão da pandemia de Covid-19 poderia ter provocado menos mortes, caso tivessem adotado decisões diferentes.  

Trump, presidente cético

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi muito criticado pela gestão da pandemia, ao minimizar o risco do coronavírus e ironizar as medidas sanitárias para evitar sua propagação.

Seu governo interrompeu um plano geral de distribuição de máscaras e pressionou as autoridades de saúde a flexibilizar as recomendações para acelerar o retorno à normalidade.

Estados Unidos permanecem como o país que registrou mais mortes no mundo por Covid-19 (mais de 740 mil.

Brasil: investigação parlamentar contra Bolsonaro

O Brasil é o segundo país do mundo com mais vítimas fatais por Covid-19: mais de 600 mil. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado pediu o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro por, entre outros, "crime contra a humanidade" por ter "exposto de forma deliberada" os brasileiros a um "contágio em massa" com seus discursos anticonfinamento e o atraso na campanha de vacinação. 

O presidente mencionou uma "farsa". Seus apoiadores no Congresso certamente evitarão um eventual processo de impeachment. 

Reino Unido: investigação para 2022

No Reino Unido (mais de 140 mil morte), o primeiro-ministro Boris Johnson anunciou a abertura em 2022 de uma investigação independente, algo solicitado pela oposição, sobre sua criticada gestão da pandemia.

Em meados de outubro, um relatório do Parlamento apontou o confinamento tardio e "erros grosseiros" como as razões de um "dos maiores fracassos de saúde pública" na história do país. "Milhares de mortes poderiam ter sido evitadas" caso as autoridades não tivessem apostado no início pela imunidade coletiva.  

Itália: alto funcionário da OMS investigado

O Ministério Público de Bérgamo (norte), epicentro da primeira onda na Itália, no início de 2020, abriu uma ampla investigação sobre a má gestão da crise. Os resultados serão divulgados em janeiro 2022.

O italiano Ranier Guerra, um dos 11 diretores gerais adjuntos da Organização Mundial da Saúde, é acusado de ocultar um relatório da OMS que destacava a obsolescência dos planos de prevenção de pandemias na Itália. Guerra foi o diretor de prevenção no ministério italiano da Saúde entre 2014 e 2017 e é acusado de não ter atualizado o mesmo.  

Guerra afirma que o programa "era considerado válido em 2016 e que havia deixado um aviso para que fosse atualizado". O MP o acusa de falso testemunho.

França: ex-ministra da Saúde investigada

Na França, terceiro país da Europa com mais mortes provocadas pela Covid-19 (mais de 117 mil), a ministra da Saúde no início da pandemia, Agnes Buzyn (que deixou o cargo em fevereiro de 2020 para disputar as eleições à prefeitura de Paris), está sendo investigada desde setembro pelo Tribunal de Justiça da República por "colocar em perigo a vida de terceiros", durante sua gestão da epidemia. 

Este tribunal, responsável por julgar os membros do governo por delitos cometidos durante seu mandato, também está investigando o atual ministro da Saúde, Olivier Veran, e o ex-primeiro-ministro Edouard Philippe.

Áustria: processo por um foco de contágio

Em setembro começou em Viena o primeiro processo de uma série de denúncias das famílias das vítimas austríacas da Covid-19. 

A justiça tenta elucidar se as autoridades poderiam ter evitado a formação de um foco de contágios em uma estação de esqui que provocou 32 mortes. 

Mais de 6 mil pessoas de 45 países integram a associação que reúne as denúncias. 

Índia: uma onda devastadora

Entre abril e maio de 2021, a Índia registrou a pior onda da pandemia, com picos de mais de 400 mil contágios e 4 mil mortes por dia, que provocou o colapso dos hospitais e a o falecimento de pacientes por falta de cilindros de oxigênio e de equipamentos médicos básicos. 

A gestão do governo central foi muito criticada e acabou nos tribunais.

Uma comissão do governo regional de Nova Délhi está trabalhando em um relatório sobre as mortes provocadas pela ausência de cilindros de oxigênio. 

Vários políticos do partido do primeiro-ministro Narendra Modi e da oposição enfrentam um processo pelo armazenamento indevido de medicamentos.