Prevent Senior

Conselho de Medicina de SP abre 25 sindicâncias para apurar denúncias contra Prevent Senior

As apurações correm sob sigilo

Fachada Prevent Senior - Divulgação/Site Prevent Senior

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) abriu 25 sindicâncias para investigar a operadora de saúde Prevent Senior após denúncias feitas por médicos e pacientes durante a pandemia. As apurações correm sob sigilo.

Os procedimentos se referem a supostas práticas irregulares da empresa, como pesquisas sem autorização, fornecimento e divulgação de tratamentos com medicamentos comprovadamente ineficazes contra a Covid-19 (o “kit Covid”), suspeita de adulteração de atestado de óbito e envio de medicamentos de forma compulsória.

Em outubro, o Cremesp solicitou ao procurador-geral de Justiça do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Mário Luiz Sarrubbo, participação na comissão criada no órgão para apurar as denúncias contra a operadora. O conselho diz ter feito desde 2020 “diversas fiscalizações em unidades da Prevent Senior, que verificaram documentos relativos ao atendimento médico” e que, portanto, poderia contribuir com as investigações.

Em um encontro dias depois, promotores informaram a membros do Cremesp que devem solicitar detalhes sobre o que o Código de Ética descreve sobre a autonomia médica e se isso foi seguido nos protocolos da Prevent Senior, segundo a GloboNews. O objetivo é saber se houve ilegalidade na prescrição de medicamentos ineficazes.

Na semana passada, por determinação da Justiça, a Prevent Senior entregou à  Polícia Civil de São Paulo os prontuários médicos de três pacientes que morreram em hospitais da rede durante tratamento da Covid-19, ocorridas entre agosto de 2020 e março de 2021. Os investigadores requisitaram a quebra do sigilo dessas três pessoas para tentar descobrir o que pode ter ocorrido no caso da mãe de Luciano Hang e do médico Anthony Wong. Nos dois casos, segundo depoimentos, a informação da morte por Covid-19 foi omitida.

O primeiro dos três óbitos foi o do ator Gesio Amadeu, de 73 anos, que participou de novelas como “Chiquititas” (1997),  “Sinhá Moça” (2006) e “Flor do Caribe” (2013). Na época, a família afirmou que ele foi internado em UTI com pressão alta e, quando foi transferido para um quarto, começou a ter febre foi diagnosticado com Covid-19.

Os outros dois casos são do jornalista e comentarista esportivo Orlando Duarte, 88 anos, que faleceu em 15 de dezembro de 2020, após três semanas de internação e do ator João Acaiabe, que morreu no dia 31 de março deste ano, aos 76 anos. Acaiabe interpretou o Tio Barnabé, na segunda versão do Sítio do Picapau Amarelo, e participou das novelas Eterna Magia e Segundo Sol. Ele chegou a ser intubado, mas não resistiu após sofrer duas paradas cardíacas.

O inquérito está na 1ª Delegacia de Repressão de Crimes contra a Liberdade Pessoal, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Caso comprovada omissão da doença em atestados de óbito, os responsáveis podem responder por falsidade ideológica e omissão de notificação de doença obrigatória às autoridades.

A Prevent nega ter ocorrido omissão nos atestados de óbito do médico Anthony Wong e da mãe do empresário. Nega ainda ter cometido outras irregularidades.

Em outra linha de investigação, desta vez na Câmara Municipal de São Paulo, membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) querem investigar se a operadora dava mais atenção aos pacientes particulares do que àqueles que possuíam convênio médico. A linha de investigação se abriu na semana passada, após depoimentos que apontaram como recorrente a prática de encaminhar beneficiários do convênio para os cuidados paliativos antes de esgotar os tratamentos médicos.