Criadores de HQ com Superman bissexual recebem proteção policial após ameaças
Agentes passaram a fazer rondas nas proximidades das casas de alguns membros da equipe e na sede da editora DC Comics na Califórnia
Os criadores da HQ "Superman: Son of Kal-El", em que o personagem do super-herói é bissexual, estão recebendo proteção policial após se tornarem alvo de ameaças por conta da publicação.
Segundo o site TMZ, "leitores de quadrinhos irritados expressaram grande descontentamento com a sexualidade do personagem", anunciada em outurbo, e foi necessário acionar o Departamento de Polícia de Los Angeles, na Califórnia. Agentes passaram a fazer rondas nas proximidades das casas de alguns membros da equipe e na sede da editora DC Comics, em Burbank.
A HQ estará disponível para venda nos EUA neste mês. Na história, Jonathan Kent, filho de Clark Kent e Lois Lane, assumiu o posto de herói e vai se envolver romanticamente com um amigo.
O relacionamento entre Jonathan e Jay Nakamura, um ativista hacker, é apenas uma das características que diferencia o herói atual do pai. A série de quadrinhos, lançada em julho nos EUA, acompanha a vida do jovem de 17 anos e, desde que foi publicada, mostrou Jon combatendo incêndios florestais causados pela mudança climática, frustrando um tiroteio em um colégio e protestando contra a deportação de refugiados em Metrópolis.
No Brasil, a notícia gerou um comentário homofóbico do jogador de vôlei Maurício Souza, que acabou sendo dispensado do Minas Tênis Clube. Em ser perfil no Instagram, o jogador havia publicado uma imagem do beijo gay entre o Superman atual, filho de Clark Kent, e um outro personagem, com a legenda "É só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar".
O comentário desencadeou reações imediatas, como a do jogador da seleção brasileira de vôlei Douglas. Representante LGBTQIA+ no esporte, ele rebateu: "eu não ‘virei heterossexual’ vendo os super-heróis homens beijando mulheres… Se uma imagem como essa te preocupa, sinto muito mas eu tenho uma novidade pra sua heterossexualidade frágil". A resposta foi apoiada por outros atletas como Fabi Alvim, Gabi e Carol Gattaz e Maique, colega de Maurício no Minas, também homossexual.
As repercussões negativas levaram o clube mineiro a se manifestar publicamente, com uma nota que afirmava que "todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais". Pressionado pelos principais patrocinadores da equipe, Fiat e Gerdau, Maurício pediu desculpas, mas disse que "ter opinião e defender o que se acredita não é ser homofóbico nem preconceituoso". A retratação não foi o suficiente e ele acabou desligado do clube.