Literatura

Sul-africano Damon Galgut vence Booker Prize com romance sobre família branca no pós-apartheid

O Booker Prize é concedido anualmente ao melhor romance escrito em inglês e publicado no Reino Unido ou Irlanda

O autor sul-africano Damon Galgut, vencedor do Booker Prize de 2021 com "The promise" - Tolga Akmen / AFP

Quando o escritor sul-africano Damon Galgut soube que seu romance, “The promise” ("A promessa", em tradução livre), foi selecionado para o Booker Prize, ficou muito ansioso. Galgut havia sido pré-selecionado duas vezes antes, em 2003 e 2010, e nas duas vezes, o estresse das indicações "provavelmente tirou alguns anos da minha vida".

"Por algumas semanas, você é um dos seis vencedores, então toda aquela atenção é sugada e muito, muito de repente, há apenas um vencedor, o resto de vocês são perdedores", disse ele ao Guardian em uma entrevista em setembro.

Este ano foi diferente. Nesta quarta-feira (3), os juízes do Booker declararam que Galgut foi o vencedor, elogiando seu romance por seu "estilo narrativo incomum que equilibra a exuberância faulkneriana com a precisão nabokoviana, ultrapassa os limites e é um testemunho do florescimento do romance no século 21". No Brasil, foram publicados três romances seus: "O bom médico" (pela Companhia das Letras, em 2005), "Em um quarto estranho" e "O impostor" (ambos pela Record, em 2011 e 2013).

“The promise”, o nono livro de Galgut, já havia sido aclamado entre os críticos por seu retrato ameaçador e desoladoramente engraçado da família Swart, descendentes de colonos holandeses que estão desesperadamente segurando sua fazenda e status na África do Sul pós-apartheid. Os críticos literários compararam sua prosa experimental a mestres modernistas como Virginia Woolf, James Joyce e William Faulkner, enquanto outros observaram sua dívida para com o colega escritor sul-africano J.M. Coetzee.

O Booker Prize é concedido anualmente ao melhor romance escrito em inglês e publicado no Reino Unido ou Irlanda, e foi selecionado este ano entre 158 romances inscritos. No ano passado, o prêmio foi para Douglas Stuart por “Shuggie Bain” (sem edição brasileira), seu romance de estreia autobiográfico sobre crescer na Escócia com uma mãe alcoólatra. Em 2019, rompendo com a tradição, o prêmio foi entregue em conjunto a Bernardine Evaristo e Margaret Atwood.