Documentário 'Frei Damião - O santo do Nordeste' chega aos cinemas

Filme dirigido por Deby Brennand teve cenas gravadas no Nordeste do Brasil e na Itália

Frei Damião - Machado Bitencourt/Divulgação

A Igreja Católica analisa, desde 2013, o pedido de canonização de Frei Damião (1898-1997), que em 2019 foi considerado venerável pelo Vaticano. Antes de qualquer título oficial, o padre italiano já era reverenciado por milhares de fiéis. O documentário “Frei Damião - O santo do Nordeste”, que chega nesta quinta-feira (4) às salas de cinema, ajuda a entender a origem dessa devoção.


Produzido pela Fábrica Estúdios, o longa-metragem fez sua pré-estreia no Festival Cine PE de 2019. A estreia no circuito comercial estava inicialmente prevista para março de 2020, mas precisou ser adiada em função da pandemia de Covid-19. Deby Brennand, diretora do filme, celebra a possibilidade de finalmente exibir a obra ao público.

Não apenas para devotos

“Estou muito feliz, principalmente porque o lançamento ocorre na véspera do aniversário de Frei Damião. A expectativa é que as pessoas encontrem a mensagem de amor, força e doação que ele transmite, independentemente de religiosidade”, afirma a cineasta, que assegura que o filme não foi feito apenas para católicos e devotos do missionário.



“Antes do mito, a gente quer falar do ser humano. Dessa forma, o longa interessa a quem é de qualquer religião e até mesmo ateus. A vida de Frei Damião foi de entrega total ao próximo. Acredito que, se as pessoas fizerem um pouquinho do que ele fez, o mundo vai ser um lugar muito melhor”, pontua.

Com roteiro de Nadezhda Bezerra, o documentário recupera imagens inéditas das peregrinações de Frei Damião pelo Nordeste. Filmados entre as décadas de 1970 e 1990 pelo Frei Fernando Rossi - que costumava acompanhar o candidato a santo em suas missões -, os vídeos em VHS foram revitalizados e digitalizados. O material chegou às mãos dos produtores da Fábrica Estúdios através dos padres capuchinhos do Convento de São Félix, no bairro do Pina.

A coleta de material

Além das imagens históricas, o longa traz depoimentos e dramatizações. A intenção de inserir cenas com atores em meio ao material documental, de acordo com a diretora, foi dar ainda mais humanidade ao personagem trabalhado. Os atores Andrade Júnior (que faleceu em 2019), Carlos Eduardo Ferraz e Nicolas Baldini se dividem no papel do frei franciscano em diferentes fases da vida, da infância até a maturidade. Há ainda outros nomes no elenco, como o da pernambucana Nínive Caldas, que interpreta uma mulher grávida ajudada pelo sacerdote no momento do parto.

O lado dos mais fracos

Para conseguir traçar a linha do tempo completa do capuchinho, a equipe do longa visitou diversos lugares. As filmagens, que ocorreram em 2018, passaram por cidades de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba, além da Itália. Familiares, religiosos, fiéis e pessoas que conviveram com o frei foram entrevistados. Um dos depoimentos é do cantor e compositor cearense Fagner, devoto declarado de Frei Damião.

Desde a concepção do roteiro até as gravações, a produção contou com a consultoria do frei Jociel Gomes, responsável pelo processo de canonização. Deby diz que a parceria com o religioso foi fundamental para entender melhor a essência de uma personalidade que a intrigava. “Frei Damião tinha uma boa vida econômica, era extremamente culto e foi aceito numa das melhores universidades italianas. Ele deixou tudo isso para trás e veio para o Sertão ficar ao lado dos mais fracos. Ver como ele tocou e ainda toca as pessoas, de geração a geração, me impressionou muito”, diz.