NBA

Pippen chama Jordan de 'hipócrita' e 'insensível' e reacende polêmica por documentário

Em crise com o ex-companheiro de Bulls desde o lançamento de documentário, ex-jogador revela mágoas em obra de memórias

Michael Jordan e Scottie Pippen - Reprodução

Ex-companheiro de Michael Jordan e um dos principais jogadores do time do Chicago Bulls seis vezes campeão da NBA nos anos 90, Scottie Pippen faz críticas pesadas ao antigo colega em seu novo livro de memórias, "Unguarded". Pippen, que no ano passado contestou publicamente a forma com que foi retratado no documentário "The Last Dance" — sobre os anos vitoriosos dos Bulls liderados por Jordan — foi direto contra o camisa 23, com acusações de "egoísmo" e tratamento ruim aos companheiros.

No prólogo, Pippen diz que o documentário "glorificou Jordan sem dar os devidos créditos a mim e a meus orgulhosos companheiros". Mais à frente, critica os ganhos financeiros de Jordan na produção — a Jump 23, produtora do ex-jogador, esteve envolvida no projeto.

"Como Michael ousa nos tratar daquela forma depois de tudo que fizemos para ele e sua preciosa marca? Para piorar, recebeu 10 milhões de dólares pela participação, enquanto eu e meus companheiros de time não ganhamos nem 10 cents".
 

O ex-atleta de 56 anos aproveita para responder Jordan sobre as alegações de que ele seria "egoísta" por ter adiado uma cirurgia e pedido à direção dos Bulls para ser trocado. Ele chama o ex-companheiro de time de "hipócrita" e "insensível" e crítica sua primeira aposentadoria, após a morte do pai. "Quer saber o que é egoísta? Se aposentar logo no início do camp de treinamentos, quando já é tarde para uma franquia contratar jogadores. Eu me envergonhei vendo o quão mal Michael tratou seus ex-companheiros, assim como me senti naquela época".

Ele arremata dizendo que ele e Jordan nunca foram amigos, ao contrário do que se acreditou por anos entre os fãs: "Não somos próximos e nunca fomos".

Em entrevista ao "Times" para promover o livro, Pippen se irritou com algumas perguntas e cancelou um ensaio fotográfico que faria. Em um dos questionamentos, diz que não faz qualquer questão de se entender com Isiah Thomas, ex-Detroit Pistons e um dos principais rivais em quadra daquela época. Pippen escreve no livro que Thomas o procurou após o documentário para uma "trégua" nas rusgas entre os dois, mas ele rechaçou.

"Joguei na liga por 18 anos e nunca tivemos qualquer relacionamento. Estou fora da liga há 15 anos, então por que agora? Não é como se fôssemos cruzar nossos caminhos de novo", disse.

Apesar das críticas, ele afirmou que o estilo de cobranças de Jordan foi produtivo para os Bulls, e disse não ter medo do livro criar um afastamento permanente entre os dois.

Pippen voltou a ser questionado sobre a "partida de 1,8 segundos", o jogo 3 das semifinais da Conferência Leste, contra o New York Knicks, em 1994. Na ocasião, o técnico Phil Jackson desenhou a jogada decisiva da partida para Toni Kukoc, e não Pippen, que se revoltou e se recusou a voltar à quadra. Em entrevista recente, Pippen chegou a acusar Jackson de racismo, mas recuou sobre a acusação em seu livro. Ele ironizou a pergunta antes de responder que o ex-treinador "foi injusto".

"Senti que, naquele momento, ele foi injusto comigo. Que tal? Que tal eu responder à pergunta dessa forma?", conclui.