Estudante que abusou das irmãs de 3 e 9 anos pode estar recebendo ajuda financeira na fuga
Polícia faz cerco a parentes próximos do rapaz que foi denunciado por prima de 13 anos que, após tentativa de suicídio, relatou ter sido molestada entre os 5 e 10 anos
Passados dois meses das denúncias, a polícia faz um cerco aos familiares do estudante de medicina Marcos Vitor Aguiar Dantas Pereira, de 22 anos, porque ele estaria recebendo ajuda financeira na fuga. O rapaz pode ter atravessado a fronteira do país com a ajuda da mãe que é advogada e na companhia de uma irmã de 4 anos.
Ele foi indiciado por estupro de vulneráveis e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Ele teria abusado de quatro crianças, entre elas, duas irmãs por parte de pai, de 3 e 9 anos. As meninas confirmaram as denúncias a psicólogas e assistentes sociais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Teresinia, no Piauí.
A história do possível envolvimento de Marcos Vitor nos crimes começa quando ele vai morar com madrasta, aos 11 anos, logo após o casamento dela, que também estuda medicina, com o pai dele. Durante anos, ele foi considerado um menino exemplar e um estudante dedicado, que saía pouco para baladas e que preferia ficar em casa jogando video-game.
A madrasta teve duas filhas que aparentemente se davam bem com o irmão. A menor, entrentanto, após o início das inestigações, disse a especialistas que acompanharam seu depoimento que ele colocava a mão na sua "pepeca".
As suspeitas sobre a conduta do rapaz, que há dois anos tinha ido morar em Manaus para cursar Medicina, começaram quando uma prima, filha da irmã da madrasta, de uma família de classe média alta de Teresina, afirmou ter sido abusada por ele. A jovem, atualmente com 13 anos, relatou que havia sofrido abusos de Marcos Vitor, pelo menos, entre os 5 e 10 anos. A primeira vez teria ocorrido durante uma viagem que reuniu toda a família no Chile.
Antes de ter coragem de expor a situação, ela atravessou longo período de depressão com episódios de automutilação e até hoje traz marcas de cortes feitos nos braços. A jovem tinha vergonha e medo de contar o que acontrecia porque sofria ameaças do rapaz que, entre outras coisas, dizia que ninguém acreditaria nela ja que era considerado um bom filho. A denúncia acabou sendo feita pela jovem logo após uma tentativa de suicídio com ingestão de medicamentos.
Desconfiada, a madrasta teria conseguido arrancar a confissão de Marcos Vitor em troca de mensagens por celular. Ele, que estava em Manaus na ocasião, teria respondido a ela que os fatos relatados tinham a ver com "seu lado obscuro" e que faria tudo para reparar os danos causados porque amava as irmãs.
As crianças disseram à Justiça que, quando estavam sozinhas com o irmão, ele as tocava em suas partes íntimas. Desde então, o estudante nunca compareceu na presença das autoridades de segurança do estado. A madrasta temem que ele volte a praticar os crimes e alerta que a mãe biológica tem uma menina de 4 anos, que estaria junto com eles. "Se fez com as minhas filhas, por que não faria com a filha dela?", pergunta.
Para a tia dele, P., mãe da adolescente que foi a primeira a denunciá-lo, Marcos Vitor tem ajuda financeira para se manter foragido. Ela conta que, desde que ele desapareceu, a mãe dele, que morou um período em Portugal, não foi mais vista em seu endereço.
"Nós alertamos que ele iria fugir. Deve estar usando nome falso. Só queremos justiça. Vamos até o final", diz ela.
Os investigadores já acionaram a Interpol para capturá-lo e Marcos Vitor, de acordo com simulações em computador feitas pela família das vítimas, pode ter alterado as feições, pintado ou raspado o cabelo ou estar usando ou não barba. O advogado dele, Eduardo Faustino, continua a assegurar que ele não fugiu e apenas "abriu mão do direito ao interrogatorio". O delegado-geral da Polícia Civil do Piauí, Luccy Keiko, não se pronunciou sobre as buscas.