Covid-19

Fiocruz pede cautela na retomada de eventos sociais durante a pandemia

Os pesquisadores ressaltam que países da Europa e os EUA vêm relatando surtos de Covid-19

Eventos - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Pesquisadores do Observatório Covid-19, da Fiocruz, defendem que a retomada de eventos sociais com aglomeração seja feita com cautela. Em boletim, eles frisam que não é possível levar em conta apenas o percentual de adultos completamente vacinados e sim buscar 80% de cobertura vacinal da população total, incluindo crianças e adolescentes.

Segundo o boletim divulgado, nesta quinta-feira (4), a flexibilização das medidas de proteção contra a transmissão do vírus deve ser adotada “de forma cautelosa, paulatina e acompanhada de outras medidas, tais como o passaporte vacinal e vigilância em saúde”, para identificar rapidamente novos casos e seus contatos. 

“A população de adolescentes, pelo tipo de comportamento social que tem, é um dos grupos com maior intensidade de circulação nas ruas e convive com outros grupos etários e sociais mais vulneráveis. Por isso, é equivocado pensar que, com a população somente adulta coberta adequadamente, a retomada irrestrita dos hábitos que aglomeram pessoas é possível”, afirmam.  
 

Os pesquisadores ressaltam que países da Europa e os EUA vêm relatando surtos de Covid-19 e retrocedendo em medidas: 

"Mesmo em locais que vacinaram a maior parte da população, há avanço de casos e hospitalizações. Desse modo, a desobrigação do uso de máscaras em situações de risco e a liberação, por parte de governos locais, de eventos que causem aglomeração, precisam ser observadas com extrema cautela e com o monitoramento contínuo nas próximas semanas.”

O cenário brasileiro ainda é de estabilidade nas taxas de transmissão do vírus Sars-CoV-2. Embora o registro de casos e de óbitos por Covid-19 se mantenha em trajetória descendente, a taxa de positividade dos testes de diagnóstico permanece alta, o que pode ser atribuído à exposição ao vírus e à presença de indivíduos fora de casa. O Índice de Permanência Domiciliar mostra, por exemplo, que há mais pessoas nas ruas do que antes da pandemia. 

Foram notificados, ao longo da última semana epidemiológica, uma média diária de 11.500 casos confirmados e 320 mortes por Covid-19. Esses valores representam a redução do número de casos registrados (-0,7 % ao dia) e menor diminuição no número de óbitos (-0,4 % ao dia), após 14 semanas de queda acelerada e sustentada, com velocidade de decréscimo de 1 a 2% ao dia.  

As taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS obtidas no dia 1º de novembro estão em patamares majoritariamente inferiores a 50% nas diversas Unidades da Federação, com exceção do Espírito Santo, que se encontra na zona de alerta intermediário (67%).

Segundo o boletim, a cobertura vacinal vem aumentando paulatinamente e recentemente alcançou 55% da população total, ainda distante do patamar ideal. Há também uma quantidade expressiva de pessoas que precisam retornar para a segunda aplicação do imunizante. 

“É essencial nesse momento uma ampla campanha para que se complete o esquema vacinal, com adoção de novas estratégias, como postos volantes de vacinação, a sua extensão a localidades remotas, e a articulação e participação de movimentos sociais, associações e empresas no apoio a essas ações”, afirmam os pesquisadores da Fiocruz.