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Deputados 'dissidentes' do PDT têm proximidade com Planalto e até foto e vídeo com Bolsonaro

Os quatro irão deixar a legenda na janela partidária que se abrirá em março

Câmara dos Deputados - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Dos 15 parlamentares do PDT que votaram ontem a favor da PEC dos Precatórios, pelo menos três deles têm histórico de apoiar os projetos de interesse do governo, alguns deles amplamente criticadas por siglas de esquerda, espectro político em que está o partido, como a reforma da Previdência, a proposta de implementação do voto impresso, bandeira de Jair Bolsonaro, que foi derrotada no Congresso Nacional.

Entre esses "dissidentes" está o deputado e pastor evangélico Alex Santana (PDT-BA), que atua como um parlamentar da base: posa para fotos e vídeos ao lado do presidente no Palácio do Planalto, comparece a atos antidemocráticos e defende a indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Outro parlamentar, Flávio Nogueira (PDT-PI), votou a favor da reforma da Previdência, em 2019, foi punido pelo partido e privado de exercer plenamente seu mandato, como ocupar relatorias e funções de relevância em comissões temáticas.

A deputada Silvia Cristina (PDT-RO), que ontem também foi a favor da PEC, votou pela adoção do voto impresso no país, desagradando o comando da sua legenda. Outro parlamentar tido como "desobediente" às orientações da legenda, Marlon Santos (PDT-RS) esteve ao lado dessa emenda constitucional do voto impresso.

Os quatro irão deixar a legenda na janela partidária que se abrirá em março.  

Santana fala abertamente de sua ligação com o governo Bolsonaro.  

- Toda vida conversei com o governo. Desde o primeiro momento tenho bom diálogo e voto pelas matérias que são boas para o país. O que não acho que é bom, não voto. E, sim, ser evangélico e pastor me aproximou do Bolsonaro - disse Alex Santana ao GLOBO.

No 7 de Setembro, o deputado foi às ruas, em Santa Catarina, se manifestar a favor do governo e contrariou seu partido, que abriu um procedimento contra ele na Comissão de Ética do partido.

- Dizem no meu partido que fui a um ato antidemocrático porque vestia uma camisa amarela e postei no meu Instagram. Entenderam ser uma manifestação a favor do governo. Não era. Estava até fora do meu estado, em Santa Catarina. Mas, paciência. Não me querem no partido - contou.

Flávio Nogueira afirmou ao GLOBO que já tem até partido. Vai se filiar ao governista Republicanos, partido que integra o Centrão.

- Sou a favor não só da reforma da Previdência, que pago até hoje por ter votado a favor. Votaria, ou votarei, a favor da reforma tributária e administrativa. E o PDT é contra isso tudo - disse Nogueira.

Os "dissidentes" do PDT minimizaram a ameaça de Ciro Gomes em não disputar a Presidência da República. O ex-ministro postou em suas redes que se a bancada não mudar de posição no segundo turno ele não concorrerá ao Palácio do Planalto.

- É uma decisão pessoal dele. Medo, reflexo disso na população mais carente. Está todo mundo ouriçado com a repercussão dos ganhos do governo com essa votação - disse Alex Santana.

- O Ciro precisa ter compreensão do que é um deputado ficar de frente para uma proposta que beneficia os mais vulneráveis. É ficar a favor de R$ 400 para os miseráveis ou a favor de precatórios? Uma questão de consciência e o Ciro dever ter melhor compreensão disso - disse Flávio Nogueira.

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, passa esta quinta-feira pendurado no celular, atrás dos pedetistas "palacianos", que foram decisivos na aprovação da PEC dos Precatórios.  O dirigente já trabalha para convencê-los a mudar de posição no segundo turno  e um dos argumentos é o de "salvar" a candidatura de Ciro Gomes.

A postura do partido gerou desentendimentos em plenário e também nas redes entre a própria bancada, expondo a legenda.

- Querem transformar a bancada do PDT na grande vilã dessa votação. E não foi. Não há adesismo ao Palácio do Planalto. Continuamos 100% contra o Bolsonaro. Não batemos palma para maluco dançar -  disse o deputado Mario Heringer (PDT-MG), que votou a favor da PEC.

O deputado mineiro admite rever sua posição. 

- O segundo turno existe para se rever posições mesmo. Não é só para referendar o que foi votado no primeiro turno. A posição do Ciro e do Lupi foi reativa, mas podemos conversar. Todos sabiam dessa posição da bancada. Foi debatido - afirmou Heringer.