ESPORTES

Basquete é o esporte olímpico com melhor controle para Covid-19 no país; entenda

A modalidade é a única dentre as principais a exigir vacinação plena de seus atletas; NBB ainda faz testagem regular

Bola de basquete - Marcelo Cortes/Flamengo/Direitos Reservados

O esporte brasileiro passa longe das polêmicas dos anti-vacinas, como nos Estados Unidos, onde um dos principais astros da NBA, Kyrie Irving, ainda não jogou na atual temporada por ter se recusado a se imunizar. Mas o desporto nacional como um todo não chega a levantar a bandeira nem mesmo a vincular a imagem dos atletas para divulgar a vacinação.

Assim como o combate da pandemia no país, não há padronização de protocolos sobre vacinação nos eventos esportivos — com exceção dos atletas olímpicos que puderam se vacinar antecipadamente sob coordenação do Comitê Olímpico Brasileiro.

Das principais competições em disputa no momento, apenas o NBB exigiu vacinação de todos os atletas. A medida é simples: está vacinado (completamente ou dentro do prazo para a segunda dose) joga; sem primeira dose ou segunda em atraso, não joga. Só dois jogadores, antes do início da temporada, não queriam se vacinar. Diante do protocolo da liga, se imunizaram. Hoje são cerca de 85% com vacinação plena e apenas 15% aguardam o momento da segunda dose. Até dezembro, todos estarão com as duas doses.

— Tivemos poucas indagações ou solicitações de exceção por parte dos atletas, seja por argumentos religiosos ou por opção pessoal. As solicitações foram negadas e os profissionais em questão entenderam que a liga não obriga ninguém a se vacinar e respeita todas as crenças — diz Paulo Bassul, diretor Técnico-Operacional da Liga Nacional de Basquete.

O rigor não para por aí. Mesmo vacinados completa ou parcialmente, atletas seguem sendo testados antes dos jogos. O controle é feito pela liga. Para comissões técnicas e arbitros, a imunização completa é obrigatória.

— A vacinação comprovadamente aumenta a proteção de todo o ecossistema e, como estamos falando de membros de equipe e árbitros, que atuam em local fechado, sem máscaras, numa modalidade com contato físico, transitando em aeroportos e hotéis de todo o país, fica muito claro que temos que redobrar os cuidados com a saúde desses profissionais. E a vacinação completa e a testagem frequente formam uma combinação poderosa para buscar essa proteção — afirma Bassul.

Fora o basquete, entre os principais esportes do país, só a natação também exigiu, em competições recentes, vacinação daqueles que estavam dentro das faixas etárias das suas cidades. Caso a vacina não estivesse disponível, eles precisaram apresentar uma justificativa no momento de retirar a credencial. Para os próximos eventos, como campeonatos brasileiros, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos vai elaborar os protocolos.

—Do ponto de vista da segurança, todos os clubes e confederações deveriam exigir a vacinação dos atletas, pois isso vai reduzir surtos ao longo da temporada. Sabe-se que durante o jogo (competição) o risco de transmissão é pequeno. Mas o evento esportivo não se resume a isso. É uma medida que beneficia todos os envolvidos — diz o infectologista Alberto Chebabo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, ressaltando que a testagem em conjunto com a vacinação é um cuidado extra. — Não é ruim ter mais camadas de segurança, mas feitas com frequência. A cada 15 dias não adianta. Os vacinados têm risco mais baixo, mas podem pegar e transmitir. Mas isso gera custo e deve ser levado em consideração.

Um outro argumento a favor da obrigatoriedade da vacinação, segundo o especialista, é o fator educativo.

— São ídolos, figuras conhecidas que poderiam dar o exemplo publicamente e levar mais gente a se vacinar.

Nem todos os organizadores foram exigentes e a vacina é facultativa. Precisam, no entanto, seguir os decretos municipais e estaduais em vigor.

No Rio, por exemplo, o último decreto permite a entrada em ginásios e estádios com vacinação completa ou teste de antígeno/PCR nas últimas 48 horas. Isso vale para público, que passou a ser liberado nas competições, e para quem faz o espetáculo. Em São Paulo, também é pedido o documento. A testagem deve ser feita por quem não completou a imunização ou não pôde se vacinar ainda. Há cidades, porém, que não aderiram ao passaporte.

As competições de tênis, judô, atletismo, futsal e vôlei seguem essa linha. Cada uma tem seu próprio protocolo, incluindo testagem e esquema bolha, mas, sobre vacinação deixaram a cargo dos clubes e atletas. Casos as cidades dos eventos exijam vacinação completa, os clubes têm seguir o determinado.

Os times de vôlei feminino do Flamengo e do Fluminense, por exemplo, estão com a vacinação em dia.

De acordo com a Confederação Brasileira de Vôlei, a Superliga começou no último dia 23 (masculino) e 28 (feminino) com apenas 63% dos atletas com vacinação plena. Os não vacinados incluem os que têm prazo para tomar a segunda dose.

A entidade explicou que os atletas sem vacinação completa terão de ser testados a cada 15 dias. E, se em alguma sede for exigido o passaporte vacinal, caberá ao mandante barrar os que não estiverem de acordo. Atleta ou torcida.

Já a Confederação Brasileira de Ginástica explicou que os partcipantes, de ginastas a juízes, devem apresentar PCR realizado até 72 horas antes do credenciamento que dá acesso à competição. Em Porto Alegre está sendo disputado o Toneio Nacional de Ginástica Ritmica com estas regras e sem público. A entidade informou que este ano não abrirá os portões