espionagem

Israel usou software espião Pegasus contra ativistas palestinos, diz ONG

Grupo NSO, em Herzliya, perto de Tel Aviv - Jack Guez / AFP

As autoridades israelenses conseguiram infiltrar o software Pegasus, desenvolvido pelo grupo NSO, nos smartphones de seis ativistas palestinos, um deles de nacionalidade americana, e o outro, francês - informou a ONG de defesa dos direitos humanos Al Haq, nesta segunda-feira (8).

Em 22 de outubro, o Ministério israelense da Defesa anunciou que incluiu seis ONGs palestinas, entre elas Al Haq, Addameer e Bisan, em sua lista negativa. Elas são acusadas de terem vínculos com a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), considerada "terrorista" pelo Estado judeu, pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE). 
 

Nesse contexto, o grupo Al Haq, um dos mais proeminentes nos Territórios Palestinos, encarregou o europeu Frontline Defenders de analisar os celulares de 75 membros das seis ONGs para verificar se foram "infectados" com o Pegasus.

Após consultar o Citizen Lab, da Universidade de Toronto (Canadá), e a célula digital da Anistia Internacional (AI), a organização Frontline Defenders divulgou hoje um relatório, informando que apenas seis dos smartphones foram infiltrados com este software. 

Entre os aparelhos espionados, estão o de Salah Hamuri, um advogado franco-palestino da ONG Addameer. Recentemente, Israel retirou-lhe seu "status" de residente permanente em Jerusalém para abrir caminho para sua deportação, assim como o do americano Ubai al Abudi, diretor do Bisan. 

Em uma declaração em separado, a AI confirmou a informação fornecida pela Frontline Defenders, afirmando que telefones celulares foram hackeados "antes" de o governo israelense classificar as seis ONGs como "terroristas". 

Ao serem consultadas, as autoridades israelenses se recusaram a comentar o assunto no momento.

Na semana passada, o governo americano também colocou o grupo israelense NSO em sua lista negativa de empresas que ameaçam a segurança nacional. O motivo foi o mesmo: o Pegasus, um software que pode "hackear" mensagens, fotos, contatos e ativar os microfones do celular remotamente.