Alunos realizam ato antirracista após ataque a colega em escola do PR: 'Preta desgraçada
Um dos alunos do colégio contou, em entrevista à rádio local Banda B, que este ataque racista não é um caso isolado
Na manhã desta quinta-feira, os alunos do Colégio Cívico-Militar Sebastião Saporski, localizado no bairro Taboão, em Curitiba, Paraná, promoveram um ato antirracista após uma colega, de 13 anos, ter o caderno rabiscado com mensagens ofensivas e preconceituosas. Na ocasião, que também comoveu e envolveu os professores, os alunos vestiram roupas pretas e receberam a adolescente com cartazes dizendo “não ao preconceito” em apoio à aluna, que foi aplaudida ao chegar na aula.
Um vídeo postado nas redes sociais de uma colega mostra os alunos enfileirados no corredor da escola, segurando cartazes e caminhando com os braços levantados e punhos fechados, um símbolo que representa solidariedade, apoio e resistência. Foram confeccionados dezenas de cartazes, que continham frases em homenagem e apoio à vítima, como “racismo é crime”, “racismo é o pior grau da ignorância humana”, “você não está sozinha”, “não precisa ser negro para lutar contra o racismo” e [colégio] “Saporski é um lugar de tradição e respeito e aceita qualquer um independente da cor”, sendo o último uma referência direta a uma das mensagens deixadas no caderno da menina.
Os alunos do Colégio Sebastião Saporski criaram um perfil no Instagram em apoio à adolescente, além de um grupo no Whatsapp para organizar outro ato antirracista, desta vez, com a participação de outras escolas de Curitiba, que acontecerá no dia 16 de novembro.
As mensagens deixadas no caderno da adolescente continham frases como: “onde já se viu preto nesse colégio”, “preta desgraçada”, “só menina branca é bonita” e “no [colégio] Saporski não tem lugar pra gente preta”. Em nota, a Secretaria de Estado e da Educação do Paraná afirmou que foi aberta uma sindicância interna para apurar de quem teria partido a atitude, que classificou como “lastimável”.
Um dos alunos do colégio contou, em entrevista à rádio local Banda B, que este ataque racista não é um caso isolado.
- Achei importante compartilhar, pois isso não acontece só em uma escola, não é individual, é um problema social - relatou, revoltado com a situação.
Uma colega da aluna que recebeu os ataques na manhã desta quarta-feira comentou que a estudante ficou muito triste e chorou em um canto da escola, depois, tirou a página do caderno.
- Eu cheguei na escola e tivemos a primeira aula tranquila. Na segunda aula, eu vi que ela estava meio mal e saiu. Ela ficou fora, chorando. Eu fui ver o que tinha acontecido com ela. Ela me falou que estava com cólica. Dei remédio pra ela, mas ela continuou lá. Mais tarde, ela contou para uma amiga o que aconteceu, que já tinha arrancado as folhas do caderno - lembrou, estarrecida.
Nota da Secretaria de Estado e da Educação:
A Secretaria de Estado e da Educação disponibilizou uma nota sobre o assunto. Leia, abaixo, na íntegra:
O racismo é intolerável e não é aceito nas escolas do Paraná. Logo após o ocorrido, a direção do colégio chamou os pais da aluna para conversar sobre a situação e orientá-los, além de se solidarizar com a família. Foi aberta uma sindicância interna para apurar de quem teria partido tal atitude lastimável, a qual tanto o colégio quanto a Seed-PR repudiam. A direção também já realizou uma conversa geral com os estudantes sobre a gravidade do fato e a política de tolerância zero com o racismo. Neste mês, inclusive, professores de Ciências Humanas e Língua Portuguesa estão trabalhando o Mês da Consciência Negra como tema de atividades na escola.