Oftalmologia

Risco de contágio requer cuidado com a saúde dos olhos

Além das vias respiratórias, o vírus que provoca a Covid-19, o Sars-Cov-2, pode causar infecção pelo globo ocular.

Eduarda Harrop, oftalmologista do Centro da Visão - Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Não é só pelo nariz e boca que o Sars-Cov-2 infecta o corpo humano. Pode ser mais difícil de perceber, mas os olhos, que contêm as glândulas das quais as lágrimas escorrem, também podem ser uma “porta de entrada” para o vírus que causa a Covid-19. O contato pelas vias respiratórias continua sendo a forma mais comum de transmissão da doença, mas o globo ocular também deve ser protegido.

Para isso, uma das medidas mais propagadas desde o começo da pandemia para se evitar a infecção - manter as mãos higienizadas com sabão ou álcool 70% - é fundamental. Como alerta a oftalmologista Eduarda Harrop, do Centro da Visão, embora a principal via de contágio seja a respiratória, a doença também pode ser transmitida a partir do contato com “fômites”, termo usado para os objetos que absorvem, retêm ou transportam micro-organismos. 

“Se contaminarmos nossas mãos e as levarmos aos olhos, poderemos nos contaminar com o vírus por meio do contato com nossas secreções oculares e mucosas”, explica. “O ato de lavar as mãos é a ação mais importante para evitar a transmissão da Covid, e muito importante também é não levar as mãos aos olhos.

Além de “porta de entrada”, o órgão responsável pela visão é visto ainda, conforme sugere um estudo publicado por pesquisadores da Universidade John Hopkins em 2020, como um possível “reservatório” do agente infeccioso, que pode ficar um tempo “armazenado” na mucosa dos olhos. Até que os primeiros sintomas apareçam, o período de incubação varia de cinco a 14 dias.

Consequências e cuidados
Ao desencadear um processo inflamatório pelo corpo e fazer o paciente passar um longo período de internamento hospitalar, as formas mais graves da Covid-19 também podem trazer consequências para a saúde da visão.

Entre as manifestações mais comuns, estão conjuntivite, episclerite, olho seco, coceira e fotofobia. “Por exemplo, o uso de altas doses de corticoide durante a internação pode causar aumento da pressão intraocular e catarata”, recorda a médica Eduarda Harrop.

Os protocolos de distanciamento e isolamento social, necessários para se evitar a transmissão do vírus, tiveram um impacto nos atendimentos oftalmológicos.

Assim como a própria suspensão de procedimentos considerados não urgentes, o receio do contágio levou pacientes a postergar consultas, exames e cirurgias relacionados à saúde da visão, em situações que, se não receberem a devida atenção, podem agravar quadros clínicos. Por isso, a volta às avaliações de rotina é fundamental.

Segundo a oftalmologista Eduarda Harrop, os procedimentos mais afetados foram as cirurgias refrativa e de catarata e pterígio (tumor benigno conhecido como “carninha no olho”).

“É muito importante manter a saúde ocular em dia para diagnosticarmos, por exemplo, a catarata, o glaucoma e as complicações da diabetes e da hipertensão, e, assim, podermos fazer a cirurgia no momento indicado”, diz a especialista, que vem percebendo um aumento gradativo na procura pelo serviço.

“Com a diminuição no número de casos [de Covid] em Pernambuco, a saúde ocular voltou a fazer parte das prioridades do paciente”, observa. O Centro da Visão fica na Avenida Conselheiro Rosa e Silva, 528, Graças.