Amazônia

Desmatamento da Amazônia brasileira bate recorde em outubro

Desde o início do ano, o desmatamento, atribuído principalmente às atividades ilegais de garimpo e pecuária, avançou em cerca de 7.880 km2

Desmatamento na Amazônia - FLORIAN PLAUCHEUR / AFP

A área desmatada na Amazônia brasileira alcançou 877km2 em outubro, um nível sem precedentes para este mês - revelam dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), nesta sexta-feira (12).

O recorde é anunciado dias depois de o governo de Jair Bolsonaro, muito criticado por sua política ambiental, ter anunciado metas climáticas mais ambiciosas durante a conferência COP26, que acontece em Glasgow. 

Na contramão destes objetivos, o sistema de alerta de desmatamento na Amazônia brasileira registrou, no mês passado, o nível mais alto para um mês de outubro desde que este controle começou a ser feito, em 2016. 

A destruição foi 5% maior do que a marca do período de 2020. 

Desde o início do ano, o desmatamento, atribuído principalmente às atividades ilegais de garimpo e pecuária, avançou em cerca de 7.880 km2. Isso foi quase o mesmo que o registrado no mesmo intervalo temporal em 2020, quando a área perdida esteve perto de 7.890 km2.

No início do mês, o INPE informou que o número de incêndios em outubro se situou em 11.549, abaixo dos 17.326 registrados no mesmo período de 2020. 

Entre as novas metas, o gigante sul-americano antecipou em dois anos, de 2030 para 2028, o limite para eliminar o desmatamento ilegal em seu território, que abriga 60% da floresta amazônica.

Além disso, Bolsonaro assinou, junto com mais de 100 líderes mundiais, o compromisso de deter o desmatamento e a degradação da terra até 2030.

"Assinar ou endossar os diferentes planos e acordos não muda a realidade do chão da floresta. O desmatamento e as queimadas continuam fora de controle, e a violência contra os povos indígenas e população tradicional só aumenta", disse o porta-voz da campanha do Greenpeace na Amazônia, Rômulo Batista, citado em um comunicado. 

Ambientalistas e opositores colocam o aumento do desmatamento na conta de Bolsonaro, favorável à expansão das atividades agropecuárias e garimpeiras, e acusado de cortar recursos de organismos de preservação ambiental.

Desde que o presidente de extrema direita assumiu o poder, em 2019, a Amazônia perdeu cerca de 10.000 km² de floresta por ano (quase a superfície da Jamaica), frente a cerca de 6.500 km² por ano na década anterior.

Segundo um relatório publicado pelo coletivo de ONGs Observatório do Clima, as emissões de CO2 do Brasil aumentaram 9,5% ano a ano em 2020, contra uma redução média de 7% no mundo, resultante da pandemia.