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França homenageia vítimas dos atentados de 2015

O grupo extremista Estado Islâmico matou 130 pessoas e feriu mais de 350 na fatídica noite

Cerimônia na sala de concertos "Le Bataclan" em homenagem às vítimas dos ataques terroristas de 13 de novembro de 2015 - THOMAS SAMSON / POOL / AFP

Seis anos depois do horror, as autoridades francesas prestaram, neste sábado (13), várias homenagens em Paris e Saint-Denis às vítimas dos atentados de 13 de novembro de 2015, no momento em que acontece o julgamento dos responsáveis pelos ataques.

Acompanhado pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, iniciou as homenagens depositando uma oferenda de flores, que foi seguida de um minuto de silêncio, em frente ao Stade de France, antes de se dirigir aos cafés e à casa de espetáculos Bataclan, em Paris, onde as células do grupo extremista Estado Islâmico mataram 130 pessoas e feriram mais de 350 naquela fatídica noite.

A seu lado, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, que finaliza neste sábado uma visita de quatro dias à França, também depositou um buquê de flores brancas diante do café Carillon, uma das cenas dos ataques.
 

A série de homenagens terminará com um minuto de silêncio antes do início da partida de futebol entre França e Cazaquistão, às 16h45 (no horário de Brasília), no Stade de France.

Em frente ao Bataclan, os sobreviventes e os familiares das vítimas ouviram emocionados os nomes de cada uma das 90 pessoas que morreram na casa de espetáculos. 

Depois de uma cerimônia sem público em 2020 por causa da pandemia, as homenagens parecem mais importantes do que nunca, pois acontecem em paralelo ao julgamento histórico que, desde setembro, revive a lembrança do ataque terrorista mais mortal já cometido na França.

Solidariedade coletiva
"O julgamento nos aproxima e há um desejo muito forte de se encontrar em um marco de recordação", explicou à AFP Arthur Denouveaux, presidente da associação de vítimas Life for Paris. 

Para enfrentar o resto do julgamento, que continuará até o fim de maio, "as pessoas sentem que é importante se aproximar uns dos outros", resumiu.  

Este ano, "a recordação cristaliza o grande relato compartilhado que atualmente está sendo construído no julgamento", observa o historiador Denis Peschanski, corresponsável do "Programa 13 Novembro", um amplo projeto de pesquisa que estuda a evolução da memória dos atentados ao longo de dez anos. 

As audiências judiciais e a reprodução das mesmas pela imprensa "influenciam a memória coletiva dos franceses" e permitem "completar o quebra-cabeça com peças que ainda eram desconhecidas", constatou.

Suas pesquisas, realizadas com uma amostra representativa da população francesa, colocam em evidência que, além do massacre no Bataclan, o julgamento "faz reviver todos os lugares afetados" pelos atentados, graças aos testemunhos das vítimas do Stade de France e dos cafés, dos quais o grande público tende a se esquecer progressivamente.  

Seis anos depois dos atentados, no entanto, a ameaça terrorista continua bastante elevada na França, mas agora sob novas formas, como ficou evidente nos assassinatos da agente de polícia Stéphanie Monfermé, em abril, nos arredores de Paris, e do professor Samuel Paty, em outubro de 2020. 

Agora, a ameaça é conduzida por agressores mais "autônomos", cujo vínculo com as organizações terroristas - que já não reivindicam sistematicamente suas ações - se distanciou amplamente.