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Na França, Lula fala sobre papel do Brasil 'no mundo de amanhã'

Em viagem pela Europa, um dos principais nomes da esquerda latino-americana intensifica os encontros com líderes social-democratas

O ex-presidente vai expor na prestigiosa universidade de Sciences Po de Paris - Reprodução / Twitter

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentará nesta terça-feira (16), em Paris, sua visão sobre o papel do Brasil "no mundo de amanhã", antes de confirmar no início de 2022 se será novamente candidato à presidência.

"Estou preparado, motivado e com saúde" para essa possibilidade, afirmou Lula na segunda-feira (15), no Parlamento Europeu em Bruxelas, onde definiu o atual presidente, Jair Bolsonaro, como uma "cópia malfeita" de Donald Trump.
 

A partir das 16h15 GMT (13h15 de Brasília), o ex-presidente vai expor, na prestigiosa universidade de Sciences Po de Paris, como vê o futuro da principal economia da América Latina no mundo.

"Desde que saiu da prisão, ele falou muito sobre política interna, mas não houve um grande discurso sobre qual é sua visão sobre o papel internacional do Brasil, se ele for candidato", disse à AFP o analista e pesquisador da Sciences Po Gaspard Estrada.

Estrada menciona as mudanças ocorridas na última década, desde a saída de Lula do poder, como a atual rivalidade entre China e Estados Unidos, ou a crise de legitimidade internacional do Brasil no momento.

Criticado por sua gestão da pandemia da Covid-19 e pelos incêndios na Amazônia, o atual presidente brasileiro seguiu os passos seu outrora colega na Casa Branca, Donald Trump, com um recuo da presença do país no cenário multilateral.

"Uma das coisas que devemos fazer primeiro é recuperar a credibilidade internacional", declarou Lula em outubro, antes de garantir que "os americanos, a China, a França voltarão a gostar do Brasil".

Em uma recente entrevista para Estrada na revista "Politique Internationale", ele defendeu um "bloco sul-americano forte" em um mundo multilateral, para evitar que China, Estados Unidos, União Europeia ou Rússia "tentem impor sua dominação".

Contatos social-democratas 

Considerado favorito nas pesquisas, o líder do Partido dos Trabalhadores (PT) afirmou, no mês passado, que definirá no início do próximo ano se será candidato à presidência em outubro de 2022 contra Bolsonaro.

Lula pode disputar a presidência, porque recuperou os direitos políticos após a anulação das condenações por corrupção anunciadas contra ele. Uma delas levou-o à prisão por quase 18 meses, entre 2018 e 2019.

Em viagem pela Europa, um dos principais nomes da esquerda latino-americana intensifica os encontros com líderes social-democratas, como Olaf Scholz, futuro chefe de Governo da Alemanha.

Em Bruxelas, ele também se reuniu com o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e com eurodeputados social-democratas.

Na França, Lula almoçará, nesta terça-feira, com a prefeita de Paris e candidata socialista à presidência da França em 2022, Anne Hidalgo, um dia antes de uma reunião com o esquerdista e também presidenciável Jean-Luc Mélenchon.

Na quarta-feira (17), antes de prosseguir a viagem europeia pela Espanha, a revista especializada "Politique Internationale" concederá ao ex-presidente o "Prêmio à Coragem Política" 2021, por "encarnar a "esperança dos brasileiros decepcionados" com Bolsonaro.

A publicação destacou o que considera "a exemplar tenacidade" do ex-presidente "contra as perseguições políticas e judiciais" e seu trabalho a favor da "igualdade racial e social" durante sua presidência.

Fundada em 1978, a revista já concedeu o prêmio ao papa João Paulo II, ao ex-presidente egípcio Anwar al Sadat e ao ex-chefe de Estado sul-africano Frederik De Klerk, que contribuiu para o fim do Apartheid.