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Lula defende reformulação do acordo UE-Mercosul após eleições de 2022

O ex-presidente também considerou "perigoso" que "o Mercosul aceite que a Europa possa participar" nas licitações públicas nos países do bloco sul-americano

Ex-presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva - Julien de Rosa/AFP

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (17) a reformulação do acordo comercial de 2019 entre a União Europeia (UE) e o Mercosul após as eleições de 2022, depois de criticar um pacto fechado de maneira "precipitada".

"Sua conclusão foi equivocada, precipitada (...) Depois de 2022, após os processos eleitorais em vários países, temos nos reunir de novo ao redor de uma mesa sem preconceitos, com a ideia de fazer um acordo que possa ser bom", disse.

Lula, apontado como favorito nas pesquisas caso dispute a presidência no próximo ano, reiterou que a UE deve "entender" que os países do Mercosul devem ter poder exportar produtos manufaturados de maior valor agregado.

O ex-presidente, que visita diversos países europeus esta semana, também considerou "perigoso" que "o Mercosul aceite que a Europa possa participar" nas licitações públicas nos países do bloco sul-americano.

O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) fez as declarações em uma entrevista coletiva depois de receber em Paris o "Prêmio à Coragem Política" 2021 concedido pela revista 'Politique internationale'.

A publicação destacou o que considera "a exemplar tenacidade contra as perseguições políticas e judiciais" de Lula, que, também segundo a revista, "encarna a "esperança dos brasileiros decepcionados" com o atual presidente, Jair Bolsonaro.

Fundada em 1978, a revista já concedeu o prêmio ao papa João Paulo II, ao ex-presidente egípcio Anwar al Sadat e ao ex-chefe de Estado sul-africano Frederik De Klerk, que contribuiu para o fim do Apartheid.

As declarações foram feitas antes de uma reunião com o presidente francês, Emmanuel Macron, também grande crítico do atual acordo entre UE e Mercosul, que ele considera incompatível com a "agenda climática".

Negociado durante 20 anos, o acordo comercial entre os dois blocos enfrenta críticas entre os setores agrícolas na Europa, que se consideram prejudicados em benefício das indústrias da UE que poderão exportar seus produtos para o Mercosul.

Porém, embora um acordo de princípio tenha sido alcançado entre os negociadores, a aprovação não foi concluída, pois o pacto enfrenta a relutância de países como a França, que também terá eleições presidenciais em 2022.