Mourão diz ser contra venda de Petrobrás
Segundo o vice-presidente da república, o aumento não está relacionado ao ICMS, como o presidente, Jair Bolsonaro, afirma com frequência
O vice-presidente Hamilton Mourão divergiu do presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira ao comentar a alta no preço dos combustíveis. Mourão disse que o aumento não está relacionado ao ICMS, como Bolsonaro diz com frequência, e afirmou que o presidente "tem que entender, realmente, como se constrói esse preço".
— Eu entendo perfeitamente qual é o problema do combustível. Vamos olhar o seguinte. O combustível ele aumentou em preços internacionais 60% esse ano. Aqui no Brasil ele aumentou 50%. Então, nós nem mantivemos a paridade. Ao mesmo tempo, a nossa moeda se desvalorizou. Então, foi uma tempestade perfeita — disse Mourão, em entrevista ao Uol.
Para o vice-presidente, "não adianta" discutir a influência de impostos sobre o preço dos combustíveis. Bolsonaro frequentemente responsabiliza governadores pela questão, por manterem a cobrança de ICMS.
— Não adianta ficar discutindo, "ah, porque é o ICMS, porque é o IPI". Não. O nosso problema hoje, muito claramente, é o monopólio que a Petrobras deteve durante muito tempo, foi prejudicial.
Mourão também se disse contrário à privatização da Petrobras. No mês passado, o presidente disse que a venda da empresa "entrou no radar".
— Eu sou contra hoje a privatização. Não vejo que ela é a solução do problema. Hoje o governo detém 37%, na realidade, da Petrobras. Os outros 63% estão distribuídos pelos mais diversos acionistas. A Petrobras é uma empresa com ação em Bolsa.
Questionado sobre se isso seria mais um ponto de divergência com Bolsonaro, o vice-presidente respondeu:
— O presidente fala (sobre privatização) ali meio...O presidente tem que entender, realmente, como se constrói esse preço. Nós estamos vivendo essa tempestade perfeita.