'Se tivesse a sinalização, tudo poderia ser diferente', diz filha de piloto
Advogados mantêm ação judicial contra empresa Cemig, que contesta acusações e alega que torre de energia estava fora de área de proteção
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) respondeu as acusações movidas pela filha do piloto de avião Geraldo Martins de Medeiros Júnior, que transportava a aeronave em que estava a cantora Marília Mendonça. De acordo com representantes de Vitória Medeiros, que entrou com um processo na Justiça contra a empresa, a ausência de sinalização nas torres de energia da Cemig próximas ao aeroporto de Caratinga, em Minas Gerais, são a principal causa do acidente trágico.
Por meio de nota, a Cemig — que chegou a informar, antes, que o avião colidiu com um cabo de energia momentos antes de cair nas proximidades de um riacho — ressaltou que a linha de distribuição atingida pela aeronave estava fora da zona de proteção do aeroporto.
"A sinalização por meio de esferas na cor laranja é exigida para torres em situações específicas, entre elas estar dentro de uma zona de proteção de aeródromos, o que não é o caso da torre que teve seu cabo atingido", afirma o comunicado liberado pela Cemig à imprensa.
Advogados que representam a filha do piloto, no entanto, ainda sustentam a tese de que a inadequada sinalização em cabos de alta tensão da Cemig ocasionaram o acidente. A ação judicial contra a empresa está mantida, eles garantem.
"Sobre o processo, eu só tenho uma coisa a falar, por ora: se tivesse a sinalização tudo poderia ser diferente. E isso vai ser importante agora para poder proteger a vida de outras pessoas caso haja uma emergência", afirmou Vitória Medeiros, filha do piloto, em vídeo publicado nos Stories do Instagram.
Ao GLOBO, o advogado Sérgio Alonso, representante da filha do piloto e especialista em Direito aeronaútico, declarou que Vitória busca defender a honra do pai:
"Ele era um piloto experiente, com 30 anos de profissão" frisa Alonso. "A Cemig diz que a torre estava a 1 quilômetro de distância da zona de proteção do aeroporto, que é de 4 km. No entanto, como eles criaram um perigo ao colocar aquela estrutura, eles têm responsabilidade".
A queda do avião, no dia 5 de novembro, resultou na morte da cantora Marília Mendonça, do piloto da aeronave e das outras três pessoas que estavam a bordo. As demais vítimas do acidente foram o produtor Henrique Ribeiro, o tio e assessor da artista, Abicieli Silveira Dias Filho, além do copiloto Tarciso Pessoa Viana.